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Brincadeira sem graça

Legado de paz do papa Francisco passou batido pelos broncos e bárbaros

Publicado

Autor/Imagem:
Mathuzalém Júnior

Pequenos demais para aprender o que nos eleva, os zebedeus e os “patriotas” se enredaram na teia do despotismo, perderam o rumo e o tino na trama golpista e não assimilaram nada dos ensinamentos do papa Francisco, o papa dos pobres. Como pseudocristãos, passaram batidos diante de um legado de fé pura, indistinta e sem partidarismo. Mais do que isso, deixaram de aprender o quão importante é amar e respeitar a todos. Eu também não sou coveiro, mas chorei e, sinceramente, lamentei a morte do chefe da Igreja Católica.

Único argentino que os brasileiros conseguiram amar, Francisco bem que poderia ter permanecido mais tempo entre nós, de modo a pelo menos tentar mostrar que ideologia não é sinônimo de barbárie, golpismo ou desamor pelos mais pobres.  De que adianta fechar o olho esquerdo para pregar o slogan Deus, Pátria, Família e Liberdade se o direito está bem aberto em defesa da morte dos vencedores? São realmente muito pequenos os que fazem piada com coisa séria.

É o caso do deputado bolsonarista Gustavo Gayer (PL-G), que usou sua conta no X para publicar uma montagem do ministro Alexandre de Moraes, do STF, vestido de padre, com uma expressão que beira o limite da estupidez: “Moraes deu 24 horas para ser nomeado o próximo papa”. Sem graça, a “brincadeira” é própria de quem tem pouco ou nada de útil para fazer. Na verdade, o texto é na medida para quem foi eleito para fazer de palhaço os que não rezam em sua dantesca e quixotesca cartilha do ódio.

Não desejo a morte de tão irrelevante deputado, mas torço para que ele tenha o mesmo fim de Joaquim José da Silva Xavier ou daqueles que, nos Pampas, no México ou na terra de Donald Trump, se utilizam do chapéu de aba longa e extensa para fazer sombra para o morto. A diferença é que Tiradentes foi um mártir, um verdadeiro mito. Quanto aos que abominam o tal chapéu, lhes falta um mínimo de necessidade para assumirem o papel de bobo da corte.

Se a sociedade brasileira depender de tipos como esse para evoluir, estamos todos perdidos. Para eles, num mundo de faz de conta, ser de verdade não conta. Como temos parlamentares de discursos e propostas inúteis, eleitos por cidadãos de inutilidade comprovada, dificilmente sairemos da mesmice em que nos encontramos. Entra direita, sai esquerda, se assanha o centro e nada de novo. É a mesma ladainha de um contra o outro e do outro contra o um. O roto fala do esfarrapado com a mesma facilidade que o boçal esculhamba o inculto ou ignorante. O mais interessante são as críticas de um lado e de outro.

Agora é a vez da esquerda no poder. Por isso, seus representantes e simpatizantes estão na berlinda. Os antagonistas deitam falação a respeito dos feitos dos conservadores. Que feitos? O detalhe sobre as ideias da direita política é que elas não funcionam. Portanto, antes de criticar, lembrem-se de que há pouquíssimo tempo a direita apostou em instituições nas quais os ideólogos não precisavam trabalhar para sobreviver. A ordem para o progresso era singular: golpismo. Francisco morreu e, infelizmente, seu legado não alcançou os que são considerados sem educação, broncos, grosseiros e bárbaros.

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Mathuzalém Júnior é jornalista profissional desde 1978

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