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Lembranças de Sarney nos períodos tumultuados para a chapa de Tancredo

José Escarlate

Um final de tarde, após expediente no Planalto, se não houvesse compromissos externos Sarney relaxava e contava histórias. Para surpresa geral contou que “um dia, após renunciar à presidência do PDS, o Ulysses resolveu namorar comigo”.

Nessa época, revela, já havia um movimento para prorrogar o mandato do Figueiredo. “Todo dia Ulysses ia à minha casa e procurava me induzir”.

Sarney conta que velhos companheiros, como Aureliano Chaves e Marco Maciel o pressionavam. Certa noite Tancredo mandou um avião buscá-lo em Brasília. Jantar na casa do empreiteiro Murilo Mendes, em Beagá.

“Foi quando Tancredo disse que me queria como vice. Mas, Tancredo, eu fui presidente do PDS….” – reagi, conta ele.

E Tancredo bateu com as 11 cartas, com canastra. “Sem você na chapa, não tem aliança”.

“Não podendo mais resistir ao assédio, concordei.”

Na volta para Brasília, Sarney passou a se reunir com mais frequência com Ulysses, Aureliano, Marco Maciel. Muitas dessas vezes, com o próprio Tancredo, sempre em locais diferentes, vendo aumentar a dissidência no PDS, já minado.

O general Leônidas Pires Gonçalves, que foi chefe militar na Amazônia e no Sul, e o general Bayma Denys foram procurados. Leônidas foi o primeiro a ser convidado, para integrar o ministério. O brigadeiro Murilo Santos e o almirante Maximiano da Fonseca também participaram dessas reuniões. Depois, veio a eleição e a posse.

“Fui a última pessoa a acreditar que ele morreria” – lembrou Sarney.

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