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Bê-a-bá das urnas

Lição eleitoral. Para ter voto é preciso buscar algo novo

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Kleber Ferriche

O mercado da propaganda política – uma redundância – está nervoso. Mas quem anda roendo as unhas são os pré-candidatos a cargos eletivos em 2018. A movimentação extemporânea de partidos políticos para encontrar colocação no mercado eleitoral de suas nominatas já começou.

Essa pescaria por votos percorre rios das mais diversas nascentes. Mas nem sempre o equipamento utilizado é adequado ao cardume que pretendem. Outro fator determinante é que a jornada nunca poderá ser produtiva se não houver recursos para pagar a vara, o anzol e a minhoca, no mínimo. Isso, se ela for feita no barranco.

Existem aqueles que vão no grupo por simples diversão e outros que estão de olho em um salto espetacular na outra ponta da linha, que são as urnas. Estes têm mais chances de obter sucesso eleitoral a bordo de um barco equipado e orientado por um experiente piloto, que sabe onde estão os cardumes. E a isca adequada. Condição restrita a poucos.

Por outro lado, a mera disponibilidade de recursos também não é garantia de votos. Se existisse uma única fórmula de sucesso, haveria um leilão interminável por ela. Então o mais prudente é iniciar por uma análise básica de necessidades, antes de enfrentar o dia que poderá ser da pesca.

Alguns mandamentos, segundo especialistas:

1. Composição partidária – No atual momento, ter o carimbo de um partido no peito, qualquer que seja, não chega a ser uma vantagem. Mas é obrigatório. Se assim é, melhor para aqueles inscritos em partidos com maior capacidade de composição com outras agremiações e capilaridade para fidelizar votos. A estrutura do partido é um grande auxiliar na distribuição de materiais e informação. Mas é bom observar que o eleitor brasileiro escolhe primeiro pessoas, nomes, caras e bocas, tendo menor influência a bandeira que o candidato carrega. A movimentação em março de 2018 de políticos eleitos, quando haverá uma janela para mudança entre partidos, deve ser considerada. Observadores garantem que os maiores perderão musculatura e os médios poderão crescer.

2. Pesquisas permanentes – Nada substitui a verificação científica. Pesquisas quantitativas e qualitativas sistemáticas são obrigatórias aos cargos majoritários. Pesquisas bem tabuladas e setoriais também são necessárias aos proporcionais. Esses dados, utilizados com técnica, são determinantes para orientar o trabalho de propaganda eleitoral:  conceito, forma e conteúdo. Mas a escolha dos profissionais estatísticos deve ser criteriosa. Apesar da grande quantidade de institutos de pesquisas existentes, muitos dedicam suas planilhas ao trabalho de contra-informação para manipulação da opinião pública. Cuidado.

3. Internet – Setor sensível que costuma produzir mais ilusão do que resultados. A grande maioria de candidatos utiliza as redes sociais como usuários, de maneira orgânica, não de forma técnica e verificada. Costumam criar diversos grupos inúteis e traduzem curtidas e compartilhamentos como votos. Um erro abissal. As redes sociais têm uma única finalidade na propaganda: provocar a distribuição epidêmica de um conceito. Para tanto, são necessários posts com potencialidade viral. Mesmo os melhores criadores e operadores de redes sociais, por mais que produzam bom material para a internet, não podem dar garantia de difusão geométrica por meio de compartilhamentos, ainda que peças sejam criativas e envolventes. Quanto melhor a qualidade do trabalho, maior será a chance de viralizar a mensagem. O internauta é vaidoso e quer ter o crédito por ter compartilhado aquele conteúdo. É preciso fornecer a ele uma peça que vai valorizá-lo como distribuidor. As redes sociais, quando utilizadas de forma equivocada, só servem para aborrecer as pessoas e iludir o candidato. Um bom bureau de mídia online tem seu preço e se for muito profissional é uma contratação de grande importância. Internet amadora não pesca nada. Ao contrário do que acreditam, 10 mil curtidas não rendem 10 votos.

4. Profissionais de Propaganda – Aqui reside o maior desafio. Definição de um perfil e conceito do candidato, que seja universal aos tecidos sociais, que seja convincente, envolvente, especialmente verídico, não pode ser definido por qualquer um. Esse trabalho deve ser entregue a profissionais experientes. A disciplina poderá contribuir para evitar que fatores externos ao planejamento definido desviem as ações pontuais. Com freqüência, muitas vezes por insegurança ou ansiedade, candidatos submetem o trabalho de profissionais ao crivo de amigos e vizinhos. Essas opiniões nunca trarão contribuição porque são feitas isoladamente e de forma racional, em uma freqüência que não é aquela em que o eleitor vai receber a mensagem. Outro perigo são as contribuições, não de recursos, mas de ideias. Amigos e vizinhos não elegem ninguém. A complexidade e as múltiplas necessidades da comunicação exigem disciplina para cumprir um cronograma gradual até a construção definitiva da imagem do candidato para a sociedade. Esse enxoval inclui muitas providências, desde o conceito e aparência do candidato ao conteúdo e forma de uma plataforma original e envolvente. Nos casos majoritários, muitas eleições foram definidas nos debates promovidos pelos órgãos de imprensa. “Viradas” eleitorais aconteceram nos últimos dias antes do pleito. O recomendado é estudar as necessidades dos redutos onde atua. Aos proporcionais, fica a sugestão de estabelecer um controle preciso de seu patrimônio eleitoral e quantificar diariamente, um a um, os votos conquistados. A administração desse universo deve ser feita por zona eleitoral. Não basta achar que tem a quantidade de votos necessária, mas somar permanentemente e conferir. A desistência faz parte do jogo e pode ser recomendada em muitos dos casos.

Sucesso do novo – Esses comentários poderiam consumir dezenas de páginas, reunindo experiências de profissionais reconhecidos na matéria. A intenção não foi a de publicar um manual, mas apenas de pontuar temas, a pedido de muitos internautas.

Se o leitor está enquadrado no assunto, observando o horizonte político, deve ter em mente que um produto só é consumido se houver público para ele.

Uma dica: na história, muitos produtos foram apresentados ao público, sem que ele soubesse que desejava aquilo. Simplesmente porque ninguém antes havia ousado oferecê-los. E fizeram sucesso.

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