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Nova Câmara

Linha dura com toque feminino ditará normas no Congresso

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Autor/Imagem:
Mariana Haubert, Camila Turtelli e Carla Bridi

Com um índice de renovação de 52%, o maior em 20 anos, a nova Câmara dos Deputados será mais jovem, com ampliação da representação de mulheres e negros. A participação de militares também cresceu, mas políticos, empresários e advogados ainda estão no topo do ranking de profissões.

Um em cada cinco dos 243 eleitos que nunca ocuparam uma cadeira na Casa tem até 35 anos. Entre eles, seis têm até 24 anos. Apesar de o número ser baixo, corresponde ao triplo do resultado das eleições de 2014, quando apenas dois deputados estavam nesta faixa etária.

Entre os cinco mais votados, todos novatos, dois têm até 24 anos – Kim Kataguiri (DEM-SP), com 22 anos, e João Campos (PSB-PE), com 24 anos, filho do ex-governador Eduardo Campos, morto em acidente aéreo em agosto de 2014 quando concorria à Presidência. Apesar do aumento nesta faixa etária, o índice de deputados de até 30 anos permaneceu o mesmo em relação a 2014, somando 28.

Com isso, a média de idade da Câmara reduziu de 50, em 2014, para 49. O número de deputados mais velhos também diminuiu, em 12%, comparado a 2014. Na próxima legislatura, que começa em fevereiro de 2019, serão 102 com mais de 60 anos, equivalente a um quinto da Casa.

Representação – O número de mulheres passará de 51 para 77, representando um aumento de 50%. Assim, as deputadas passarão a representar 15% do total de parlamentares. Entre as eleitas, 43 ocuparão o cargo pela primeira vez.

Para a deputada Benedita da Silva (PT-RJ), o crescimento da bancada feminina é também fruto de política de cotas nos partidos. “É muito importante aumentarmos a representação das mulheres porque precisamos entender que nós não fomos eleitas para tratar apenas de uma coisa. Estamos em um espaço em que sabemos qual é o nosso papel e estamos preparadas para o debate”, diz.

A deputada também comemorou o aumento de deputados negros eleitos para a próxima legislatura. De acordo com informações da Câmara, foram eleitos 104 candidatos que se declararam pardos e 21 pretos, totalizando um aumento de 5% em relação a atual legislatura. Também foi eleita, pela primeira vez, uma mulher indígena, Joênia Wapichana (Rede-RR).

Para o professor e cientista político Marco Aurélio Nogueira, da Universidade Estadual Paulista, a entrada de jovens na política é uma das boas notícias das eleições 2018. Além disso, ele cita a maior bancada de mulheres da história da Casa – em 2019, serão 77 mulheres entre os 513 parlamentares. “Houve muita renovação nesse Congresso, apesar de o conservadorismo tanto de extrema direita quanto em termos de direita liberal ter avançado. Tivemos uma série de nomes que foram decepados da política nacional”, afirma.

Profissões – Das principais profissões no Congresso, os mais representados continuam sendo os empresários e os advogados. Mas, de acordo com informações prestadas pelos candidatos ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), quase metade dos eleitos declarou como profissão o cargo de deputado. Outros quatro senadores também informaram o cargo como sendo suas profissões.

A classe que mais cresceu, no entanto, foi a dos militares. Atualmente, a Casa tem cinco deputados militares, mas, a partir do próximo ano, serão 15. A maior parte deles é filiada ao PSL, partido do presidenciável Jair Bolsonaro, capitão reformado do Exército. A influência dele no pleito eleitoral explica o sucesso dos militares nas eleições deste ano.

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