O recesso do Congresso terminou e com ele o tempo que o Centrão deu para o governo entregar mais cargos. Na mesa de negociações estão a aprovação do novo arcabouço fiscal, da LDO, das novas regras do CARF e da reforma tributária. Enquanto Arthur Lira balançava no mar ao ritmo de Wesley Safadão, Lula aproveitou para pescar peixes grandes na economia e usar a boa fase a seu favor.
A estratégia do presidente foi desinflacionar o preço do Centrão, como definiu a jornalista Helena Chagas e, para isso, ganhar tempo antes de avançar na tal reforma ministerial, lembrando que o sistema é presidencialista e que a palavra final é dele.
Lula também blindou alguns ministérios da sanha avassaladora do Centrão, como a Saúde e o Desenvolvimento Social, e ainda bancou a presidência do IBGE para Márcio Pochmann, um petista puro-sangue. Tudo isso, é claro, teve um custo político.
Em resposta, Arthur Lira disparou contra o ministro das Relações Institucionais Alexandre Padilha e ressuscitou a ladainha do semipresidencialismo. O presidente da Câmara ainda lembrou que é ele próprio quem garante os votos do PP para o governo e, para mostrar quem é que manda, resolveu atrasar a votação do novo arcabouço fiscal na Câmara, que estava prevista para esta semana.
Coincidentemente, a volta do recesso parlamentar também trouxe problemas para o governo com a convocação do ministro da Casa Civil Rui Costa à CPI do MST.
Como a batalha é por cargos, o Centrão sabe que cedo ou tarde a negociação virá, e já começou a bombardear alguns ministros, como Carlos Fávaro, da Agricultura, Luciana Santos, da Ciência e Tecnologia; Alexandre Silveira, das Minas e Energia; e, Ana Moser, dos Esportes, para ver quem é que vai a pique.