O meio político de Brasília está em ebulição. A expectativa é a de que surjam nos próximos dias algumas surpresas no imbróglio da Caixa de Pandora, escândalo político sem precedentes no Distrito Federal.
Nos bastidores, a última notícia é a de que o delator Durval Barbosa deve receber determinação da Justiça para entregar uma lista completa de todos os seus bens. Seria uma cópia idêntica da que ele forneceu ao Ministério Público.
Essa relação é mais uma peça da defesa de José Roberto Arruda, que pensa desmascarar definitivamente Durval e seu grupo político.
Se acontecer o que imaginam os advogados do ex-governador, o cenário se inverte. Durval ficaria trancado na Caixa e Arruda livre para disputar o Palácio do Buriti, que ele trocou por uma cela na Papuda.
O rol desses bens deverá conter detalhes importantes, como seus respectivos valores, a data das aquisições e em nome de quem as posses foram registradas. A lista também deverá informar de quem foram comprados e qual foi a forma de pagamento dos bens.
A defesa quer saber em qual tempo os bens foram adquiridos, se na gestão do governador Arruda ou durante a gestão de Durval Barbosa na Codeplan. Os defensores do réu querem equacionar essa conta. A pulga atrás da orelha é justamente para saber se o valor resultado dessa lista é semelhante ao do desvio denunciado por ele na Caixa de Pandora.
Acredita-se que Durval, querendo dar um drible em seus adversários e desafetos políticos, pode não ter sido totalmente transparente em seu depoimento. E para o tiro não sair pela culatra, omitido parte do dinheiro desviado por ser ele o próprio beneficiário.
Todo esse quadro ganhou uma nova conotação após o jornalista Celson Bianchi manifestar em sua coluna A Voz da Verdade, a suspeita de arrudistas acerca da celeridade com que as ações contra o principal réu na Pandora têm. Numa busca por processos movidos pelo MPDF contra Durval percebe-se que eles foram iniciados antes da bomba que implodiu o governo de Arruda ser acionada.
Mesmo assim, as ações referentes ao ex-governador estão ultrapassando qualquer limite de velocidade. Não se sabe se o objetivo é colocar um ponto final nesse capítulo vergonhoso da política brasiliense, ou se para beneficiar pré-candidatos ao governo e até mesmo políticos à reeleição. Entre 2003 e 2009, algumas ações contra o delator foram iniciadas, mas demoraram anos para se tornarem denúncia de fato.
Elton Santos