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Lógica de Neil Armstrong sobre mister Gorsky

Costumo perder o timing, mas jamais perco a oportunidade. Neste mês de julho, mais precisamente no dia 20, o mundo comemorou 54 anos da caminhada do engenheiro espacial Neil Armstrong e de outros astronautas no solo lunar. Ainda inacreditável para alguns, “visitar” a lua foi realmente “um gigantesco salto para a humanidade”. Determinadas histórias e acontecimentos a gente custa a acreditar como real. Lê, relê, ouve, ouve novamente, se emociona todas as vezes e só consegue entendê-las na essência 30, 40, 50 anos depois. Uma delas foi o título mundial do Flamengo, em 1981. O tricampeonato do Brasil, em 1970, também foi marcante, como foram as mortes de John Kennedy, em 1963; a de Martin Luther King, em 1968; a de John Lennon, em 1980; a de Ayrton Senna, em 1994; e a do Rei Pelé, em 2023.

Nada, porém, marcou mais minha geração do que a chegada do homem à lua, em 1969. Afinal, o primeiro 69 a gente nunca esquece. Tão importante como o trocadilho do trocadilho, o ano de 69 também ficou marcado como o período mais produtivo de Gilberto Gil e Caetano Veloso como compositores. Recém-chegados ao exílio em Londres, os doces bárbaros emplacaram um sucesso atrás do outro, entre eles Vitrines, Aquele Abraço, Cérebro Eletrônico, Futurível, Baby, Não Identificado, Irene, Atrás do Trio Elétrico, Marinheiro Só e Lost In The Paradise. Como diziam os críticos da época, em termos culturais, 69 foi uma arraso, apesar de toda a imbecilidade da censura vigente. Já meio lunático pela profusão de fatos, para mim 1969 começou de fato no dia 20 de julho, quando Neil Armstrong, comandante do módulo lunar Apolo 11, se converteu no primeiro ser humano a pisar na Lua.

Eu não tinha televisão em casa, mas lembro-me bem de suas primeiras palavras ao pisar no nosso satélite. “Este é um pequeno passo para o ser humano, mas um salto gigantesco para a humanidade”. Estas palavras foram transmitidas para a Terra e ouvidas por centenas de milhares de pessoas. Anos mais tarde, soube que, justamente antes de voltar à nave mãe, Armstrong fez um comentário enigmático e que por décadas ficou esquecido: “Boa sorte, sr. Gorsky.” Muita gente na Nasa imaginou um comentário sobre algum astronauta soviético. Algum tempo de pesquisa e, após checagens em todos os arquivos possíveis, verificaram que não havia nenhum Gorsky no programa espacial russo ou americano.

Através dos anos, muita gente perguntou ao astronauta sobre o significado daquela frase sobre Gorsky, e ele sempre respondia com um sorriso maroto. Distante algumas boas milhas da Lua e da possibilidade de ouvir uma resposta on line, eu mesmo ficava enlouquecido todas as vezes em que entrava a vinheta da TV Globo anunciando uma notícia de última hora. Na minha ainda pouco substanciada consciência, acreditava que o tipo de revelação prometida por Neil Armstrong mereceria um plantão global, inclusive interrompendo a programação já antibolsonarista que previa a viuvez de Valdemar Costa Neto. Ficava ligado de dia, de noite e durante as madrugadas. Nada da sarnenta musiquinha da família Marinho.

Para meu ódio, a última vez em que ouvi a tal musiquinha foi para ser informado sobre a fuga do mito para a terra do astronauta de mármore Donald Trump. Tive de esperar até 5 de julho de 1995. Depois de mais uma brilhante conferência, Neil Armstrong se encontrava na Baía de Tampa, respondendo perguntas, quando, certamente estimulado por um repórter cearense, um jornalista norte-americano lembrou-lhe sobre a frase que ele havia pronunciado 26 anos atrás. Desta vez, finalmente Armstrong aceitou responder. O sr. Gorsky havia morrido e agora Armstrong sentia que podia esclarecer a dúvida. Em 1938, sendo ainda criança em uma pequena cidade do Meio Oeste americano, Neil estava jogando baseball com um amigo no pátio de sua casa.

Num daqueles lances bizarros, a bola voou longe e foi parar no jardim ao lado, perto de uma janela da casa vizinha. Seus vizinhos eram justamente o senhor e a senhora Gorsky. Quando Neil agachou-se para pegar a bola, escutou que a senhora Gorsky gritava para o senhor Gorsky: “O que? Sexo anal? Você quer sexo anal? Sabe quando você vai ter acesso ao meu ‘Tonho’? Só no dia em que o homem caminhar na lua!” Por isso, o astronauta Armstrong mandou o recado direto da Lua: “Boa sorte, sr. Gorsky.” Curioso de berço, fiquei de cabelos brancos de tanta pesquisa, mas ainda não consegui apurar se mestre Gorsky conseguiu o tão desejado “Anos Dourados”. Armstrong morreu em agosto de 2012 certo de que o ‘Tonho” não resistiu ao toque na lua. Eu tenho a mesma impressão.

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