Não sei você, mas o meu padrinho faz misto-quente toda vez que o visito. Desculpe aí, mas o Celso (esse é o seu nome) me trata muito bem! Na verdade, ele até batizou um outro aí, mas eu sou, de acordo com as palavras dele, o afilhado preferido!
O meu padrinho é casado com a Marilda, ou melhor, Mariiiiiiilllllllllllllllllllda, pois é assim que ele a chama. De tanto ouvi-lo chamar pela minha amada madrinha, confesso que até hoje sempre a chamo assim. Obviamente, ela também diz que eu sou o afilhado predileto, apesar daquele outro, que nem vou falar que se chama Luciano.
O Celso é um cara bem brincalhão, além de ter umas frases que, de vez em quando, replico para algum amigo: “Me dá balinha Juquinha pra eu acreditar!”, “Conte-me tudo, não me esconda nada!” Ah, ele também gosta de me mostrar o “sítio” dele, que nada mais é que o seu quintal, que deve ter infindáveis 600 metros quadrados.
Além disso, como a irmã da minha madrinha, a Marlene, mora ao lado, o Celso resolveu fazer uma porta entre os dois terrenos. Por isso, não é difícil vê-lo gritar um “Ei, comadre!” Pois é, pelo visto, você já deve ter percebido que aquele outro, o tal Luciano, é filho da vizinha.
A Marilda adora os animais. Ela sempre está cuidando de algum passarinho, um mico ou até mesmo um gambá que apareça no sítio. Todos eles acabam recebendo um nome. Dessa forma, não é raro ela me mandar mensagens falando sobre o Gasolina, que é um dos micos que habita o latifúndio dos meus padrinhos.
Isso, aliás, é algo que nos faz ainda mais próximos, mesmo que a gente não more tão perto. É que eu sou veterinário, provavelmente influenciado por ela. Coitado do Luciano! Fico até com pena dele, pois eu sou o afilhado mais querido dos meus padrinhos!
*Eduardo Martínez é autor do livro “57 Contos e Crônicas por um Autor muito Velho”.
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