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Lugar das mulheres é na política, seja no Executivo ou Legislativo

Depois de décadas de alienação política, é maravilhoso verificar a forte presença feminina na política. É a segunda vez que o Brasil é governado por uma mulher. E o Distrito Federal tem, pela segunda vez também, uma mulher presidindo a Câmara Legislativa do Distrito Federal.

É com muita honra que assumi a presidência da CLDF tendo, ao meu lado, na vice-presidência, a deputada Liliane Roriz. Trata-se de uma missão difícil, mas muito honrosa. As mulheres têm posição de destaque neste novo capítulo da história política do Distrito Federal.

Toda mulher carrega dentro de si muita fé e esperança no futuro, além da sensibilidade tão necessária para os momentos de mudanças e mesmo de crises. A alma feminina sabe que é preciso mudar, mas sempre conservando o que foi conquistado. Saltar para o futuro é preciso, mas sem nunca deixar de levar consigo o passado que oferece lições tão preciosas.

O momento é de grandes desafios para os gestores e para a população do Distrito Federal. Mas também é uma oportunidade de redefinir nossa história com mais responsabilidade e generosidade. Sei das decisões difíceis que precisam ser tomadas, agora por causa do passado recente, mas, coerente com minha alma feminina, vou imprimir em cada uma delas a sensibilidade de uma mulher que sabe o quanto é difícil viver em um país injusto e desigual.

Herdei essa lucidez de minha mãe, Maria Célia Leão, que em uma época de maiores dificuldades e preconceitos, lutou muito e conquistou seu lugar no mercado de trabalho e na política, que sempre lhe despertou interesse. Lembro que, nos meus dias de menina, minha mãe me levava às reuniões políticas com lideranças nacionais expressivas.

Em meio às campanhas da qual minha mãe participava, tive o privilégio de ainda muito nova ouvir e conhecer figuras ilustres como Ulysses Guimarães. Também bem cedo percebi que a mulher precisava lutar mais do que o homem para conquistar seu espaço.

Por isso, entendo que temos uma garra muito grande, forjada nas dificuldades que enfrentamos desde cedo, e somos capazes de persistir quando até os homens mais fortes e inteligentes recuam ou se deixam tomar pelo desespero.  A mulher é testada continuamente, desde sua mocidade, e assim adquire sua resiliência singular.

É outra característica forte que também herdei de dona Maria Célia Leão, uma mulher sempre atenta às questões de políticas públicas de gênero e que no estado de Goiás criou a Secretaria da Condição Feminina, que foi uma grande referência para todo o Brasil.

A partir desse grande exemplo, trilhei o meu próprio caminho. Primeiro, no movimento estudantil, conciliando os estudos e a militância com o trabalho de administração de empresas, e ainda me rendendo à paixão do hipismo. Nunca quis ser menos do que tudo aquilo que eu poderia sonhar para mim mesma.

Foi assim que fui conquistando também meu espaço na política do Distrito Federal, com muita fé e perseverança. A participação feminina na política é desde sempre uma luta muito grande, pontuada por episódios de retrocessos e atrasos, mas traz enormes benefícios não apenas às mulheres, mas a toda a sociedade brasileira.

Porque a mulher sabe transformar sua sensibilidade e perseverança em um olhar diferenciado na política. Ninguém entende mais de conflitos de interesses do que uma mulher que tem responsabilidade por sua família. Ninguém sabe mais sobre a natureza humana do que aquela que nasceu com o dom de dar continuidade à humanidade.

Por isso, neste oito de março, digo que lugar de mulher é na política. E deixo aqui minha homenagem às mulheres pioneiras que abriram o caminho pelo qual hoje estou trilhando meus passos, em especial à minha mãe, Maria Célia Leão, que me deixou como herança sua força de vontade, sensibilidade, caráter e generosidade.

Celina Leão

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