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Mais contra, menos prós

Lula age certo no ataque aos juros altos, que levam país ao precipício

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José Seabra - Foto de Arquivo/ABr

Lula está certo quando se queixa das altas taxas de juros definidas pelo Banco Central. O presidente não foi diferente após a reunião do Copom na quarta-feira, 31, quando decidiu-se manter, pelo segundo mês seguido, o percentual de 10,5 pontos ao ano. O que soa no Palácio do Planalto ecoa nos segmentos primário, secundário e terciário.

A economia fica sem fôlego, com o agronegócio pastando capim seco, a indústria rangendo com suas máquinas enferrujadas e o varejo claudicante, com uma acentuada queda no movimento, na circulação do dinheiro. e consumo pífio.

Economistas ouvidos por Notibras entendem que o impacto dos juros na economia brasileira, com os índices atuais, exige um equilíbrio delicado entre controlar a inflação e promover o crescimento econômico.

Mas, enquanto pode ser uma ferramenta eficaz para manter a inflação sob controle, taxas elevadas desaceleram o crescimento, reduzem o consumo e abafam investimentos. O desafio dos formuladores da política monetária é encontrar um ponto de equilíbrio que minimize os impactos negativos enquanto maximiza os benefícios para a economia como um todo.

Se, de um lado, surgem as consequências positivas, de outro aparecem aos borbulhões as causas negativas. De qualquer modo, alertam economistas, a insistência do BC em manter taxas estratosféricas afetam diversos aspectos. Vejamos o lado positivo:

Controle da inflação: taxas de juros altas são uma ferramenta usada pelos bancos centrais para controlar a inflação. Ao reduzir o consumo e o investimento, a demanda por bens e serviços cai, ajudando a manter os preços sob controle.

Atração de investimentos estrangeiros: juros mais altos podem atrair capital estrangeiro em busca de maiores retornos, o que fortalece as reservas internacionais e melhora a balança de pagamentos do país.

Valorização da moeda: embora uma moeda forte possa prejudicar as exportações, ela também pode reduzir o custo das importações, beneficiando consumidores e empresas que dependem de insumos importados.

Incentivo à poupança: juros elevados incentivam a poupança, pois os rendimentos de investimentos em renda fixa se tornam mais atrativos. Isso pode aumentar a disponibilidade de capital para futuros investimentos.

Vejamos agora, sempre sob o ponto de vista de analistas do mercado financeiro, as consequências negativas da política monetária do Banco Central:

Desaceleração do crescimento: taxas de juros elevadas encarecem o custo dos empréstimos, desestimulando investimentos por parte das empresas. Isso leva a uma menor expansão dos negócios e, consequentemente, a um crescimento econômico mais lento.

Redução do consumo: com os juros mais altos, os consumidores tendem a gastar menos e a poupar mais, já que o crédito fica mais caro. Isso pode levar a uma queda no consumo de bens e serviços, impactando negativamente a economia.

Aumento do custo da dívida: governos, empresas e indivíduos que já possuem dívidas com juros variáveis podem ver seus custos aumentarem, provocando dificuldades financeiras e aumentando a inadimplência.

Impacto no mercado imobiliário: taxas de juros altas tornam os financiamentos imobiliários mais caros, o que pode resultar em uma desaceleração do mercado de imóveis, com menos pessoas comprando casas e menos construções sendo realizadas.

Valorização do câmbio: juros altos podem atrair investimentos estrangeiros em busca de retornos maiores, e isso leva à valorização do Real. Não bastasse isso, uma moeda mais forte pode prejudicar as exportações, tornando os produtos brasileiros mais caros no mercado internacional.

Lula, como se disse acima, tem motivos de sobra para gritar contra Campos Neto. Porém, enquanto o presidente do BC mantiver as rédeas nas mãos, ao governo só resta um caminho: soltar o verbo, como se estivesse falando apenas para os seus eleitores.

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