Pesquisa do faz de conta
Lula ainda está ali, como uma pedra no caminho de quem quer sua cadeira

Próximo de alcançar a maioridade celeste, aquela em que a gente começa a contar as mesmas estrelas duas vezes, nunca fui alcançado por uma dessas pesquisas de opinião eleitoral. Portanto, jamais tive a oportunidade de informar em quem já votei, em quem não voto mais e em quem não votaria nem que ele estivesse vestido de freira ou de padre e batendo à porta do inferno. Desnecessário citá-lo. Basta lembrar aos senhores do plenário da coletividade que, como um cidadão verdadeiro e da paz, sou intolerante à mentira, ao ódio e ao patriotismo fajuto. Também sou inflexível com os que pensam e agem como plenipotenciários. Sorte dos brasileiros que esses somem na poeira com a rapidez de um raio.
Voltando às pesquisas, os institutos esqueceram de mim, mas não os questiono como supostos geradores de desinformação. Entretanto, confesso que necessito me atualizar estatística e matematicamente e, quem sabe, me inteirar a respeito da inteligência artificial. A minha está defasadíssima. Talvez o que precise de fato, e com urgência, é de novos conhecimentos acerca das pesquisas eleitorais, notadamente as pré-eleitorais. Embora tenha algum esclarecimento, ainda não alcancei o que pode ser caô, galhofa, encomenda, especulação sem nexo, torpedo sem direção ou, o que é mais grave, influência acintosa e antecipada na consciência do eleitor.
Tomara que minha neura seja somente mais uma de minhas ilações políticas, daquelas que já viu alguém deixar de votar nesse ou naquele candidato porque ele não vai ganhar, porque é ladrão, golpista, comunista ou esquerdopata. Meu problema são os números. Se as pesquisas são um retrato, uma fotografia do momento, imagino que há alguém fora de foco. Por exemplo, como explicar que, em dois dias, o mesmo instituto que mostrou Luiz Inácio mais desaprovado do que aprovado cravou o líder petista vencedor na disputa contra sete candidatos da direita, entre eles o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos)?
Fiquei ainda mais perdido ao ser informado pela consultoria contratada por uma empresa de investimentos que Lula é tão rejeitado como Jair Bolsonaro. Pior de tudo foi ler que 62% dos entrevistados são contra o presidente se candidatar à reeleição em 2026. Apenas 35% se manifestaram favoráveis ao Lula 4. Será que os consultados são bipolares? Provavelmente, pois, na mesma pesquisa, eles barram Lula para o baile de 2026, mas o elegem paraninfo da formatura do curso de eleitores duvidosos do ano. Digo isso porque, nos diversos cenários simulados, o petista venceria todos os adversários em disputas de segundo turno, inclusive o inelegível Jair Bolsonaro e a patroa, Michelle Bolsonaro.
Posso estar errado mais uma vez, mas será que os futuros eleitores expurgarão Lula no primeiro turno, se arrependerão na volta para casa e o elegerão no segundo? Como? Só Deus saberá se eles sabem o que dizem. Acho até que, caso haja um terceiro turno, Luiz Inácio derruba Donald Trump, anexa Israel, repagina a Faixa de Gaza, liberta a Ucrânia e fecha a Embaixada da Turquia em Brasília. Aliás, na próxima confissão ao padre da paróquia central do bairro, localizado à esquerda da Rua Direita, perguntarei o que está acontecendo com o Brasil pós-Trump e Elon Musk. Estamos de ponta cabeça. Os seguidos tarifaços do presidente norte-americano parecem ter tirado do pescoço a cabeça de um monte de brazucas.
Não há outra explicação. Conforme as últimas pesquisas, a maioria da população acha a gestão de Luiz Inácio ruim ou péssima. Curiosamente, caso ele precise do voto dessa mesma maioria, estará eleito para sua quarta encarnação. Depois juram que o brasileiro não sabe votar. Enquanto assisto pela enésima vez o clássico “Curtindo a Vida Adoidado”, penso com meus botões de cima: ou estamos sentindo falta dos celulares nas missas, nas reuniões de condomínios e nas orgias etílico-sexuais ou nos perdemos de vez na floresta encantada do Brasileirão Betano. Sonolento, mas vivo, acho que precisaremos dos universitários ou dos votantes do Big Brother para decidirem a peleja. É Lula aqui, Lula lá ou um daqueles que Bolsonaro não quer, mas terá de engolir? Em breve saberemos. Por enquanto o que sei é que ainda estou aqui.
