O ex-prefeito do Cabo de Santo Agostinho, na Região Metropolitana do Recife e atual deputado estadual Lula Cabral (SD) voltará à chefia do município no dia 1º de janeiro por decisão monocrática do ministro Nunes Marques, do Tribunal Superior Eleitoral, que na noite dessa segunda-feira (29) deferiu sua candidatura que estava sub judice desde o primeiro turno, quando venceu seu antigo aliado e atual prefeito Keko do Armazém (PP) com uma vantagem de 46,64% sobre 41,74% dos votos válidos.
Lula Cabral disputou a eleição do dia 6 de outubro na condição de inelegível declarada pelo Tribunal Regional Eleitoral, em agosto, devido à rejeição, pela Câmara Municipal do Cabo, das contas da prefeitura em 2017, ano em que ele exercia seu segundo mandato de prefeito. Vitorioso nas urnas, Cabral recorreu ao TSE e obteve liminar favorável publicada no último minuto. Embora caiba recurso da decisão de Nunes Marques, a coligação (PP-PT) de Keko do Armazém ainda não se manifestou.
Em publicação em seu perfil no Instagram, Lula Cabral comemorou a decisão. “Nosso registro de candidatura foi DEFERIDO no TSE e nós vencemos mais uma vez. Quando Deus coloca a mão, não há nada que possa impedir!”, afirmou.
“Hoje, nossa vitória é a prova de que a fé e o trabalho sempre encontram o seu caminho. Mais uma vez, vamos seguir juntos para devolver ao Cabo um prefeito de verdade, comprometido em transformar e cuidar dessa cidade com dedicação e amor, como já mostrei que sei fazer”, acrescentou Lula Cabral.
Lula Cabral foi condenado pelo Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco a devolver aos cofres do Caboprev (Instituto de Previdência Social do Município do Cabo de Santo Agostinho) um total de R$ 88 milhões, valor que teria sido desviado do órgão previdenciário municipal em 2018, durante sua gestão como prefeito. Por conta dessas irregularidades, Cabral chegou a ser preso em 2018.
O Ministério Público de Contas (MPCO) emitiu um parecer que aponta Lula Cabral como responsável por uma perda superior a R$ 92 milhões em investimentos feitos com fundos do Caboprev. No parecer, assinado pelo procurador Cristiano da Paixão Pimentel, o ex-prefeito é chamado a ressarcir os cofres públicos municipais em exatos R$ 88.039.129,07.
“O CaboPrev investiu metade dos seus recursos em fundos de aplicações financeiras geridos pela Terra Nova que, após serem realizadas, traçaram rotas labirínticas chegando, por vezes em debêntures com baixa solvência, demonstrando a ausência de transparência dos fundos, quando não, uma completa ocultação dos riscos das operações financeiras. Os fatos expostos apontam para fortes indícios da existência de uma organização estruturada e habituada a cometer ilícitos financeiros, onde o CaboPrev foi mais uma vítima”, diz o relatório.
O Cabo de Santo Agostinho integra a Região Metropolitana do Recife, em direção ao Litoral Sul de Pernambuco, sendo separado da capital pelo município de Jaboatão dos Guararapes. O cabo, acidente geográfico homônimo, é considerado por muitos estudiosos como o verdadeiro local do descobrimento do Brasil, por ter sido a porção de terra avistada pelo navegador espanhol Vicente Pinzon, três meses antes da chegada de Pedro Álvares Cabral à Bahia.
A formação rochosa, de origem vulcânica, que avança sobre o mar, é também um marco geológico mundial por representar o último ponto de ruptura entre a América do Sul e a África — que até então eram unidas em uma única e imensa massa continental.
A cidade abriga juntamente com Ipojuca o Complexo Industrial Portuário de Suape, um dos maiores polos industriais do Nordeste do país. Tem ainda um belo litoral, onde se destacam as praias do Paiva, Itapuama e Gaibu, que rivalizam em beleza e procura por turistas com Porto de Galinhas, Muro Alto e Maracaípe, do município vizinho.