Lula está traindo seus antigos aliados de esquerda ao fazer acordos com o Centrão para aprovar projetos conservadores em detrimento de pautas progressistas. O presidente afrouxou as rédeas, refletindo um cenário complexo na política brasileira. Esse tipo de comportamento, vindo de quem quando era jovem batia na mesa e se fazia ouvir, se assemelha a movimentos de um enxadrista com Alzheimer.
Por certo há muitos interesses envolvidos por trás dos últimos gestos de Lula 3. Inclusive um projeto lá fora para o neolulismo, numa ilha caribenha. Tudo vai depender do que sair das urnas em 2026. Dependendo da perspectiva política para o próximo pleito majoritário e dos interesses envolvidos, as interpretações podem ser as mais variadas.
Lula, conhecido por seu histórico sindicalista e suas políticas de esquerda, enfrenta desafios para governar em um ambiente político fragmentado. O Centrão, um grupo de partidos políticos que muitas vezes atua de forma pragmática e busca vantagens imediatas, se torna um aliado estratégico para conseguir aprovar projetos no Congresso Nacional. Nada, porém, que beneficie o povo que confiou nele.
A aliança com o fisiológico Centrão pode até ser vista como uma necessidade prática para garantir governabilidade e aprovação de projetos essenciais. Em um cenário onde o presidente não possui maioria no Congresso, negociar com o Centrão pode ser uma forma de viabilizar a passagem de leis e evitar paralisias administrativas. Mas o preço do toma-lá-dá-cá tem sido muito alto.
A crítica principal de seus antigos aliados de esquerda é que esses acordos acabam priorizando pautas conservadoras e interesses que não alinham com os ideais progressistas defendidos historicamente pelo Partido dos Trabalhadores. A cada dia projetos conservadores brotam e criam frutos, em detrimento de pautas progressistas. Isso vai contra o que o verdadeiro lulismo prega. E começa a provocar desconforto na base eleitoral e nos movimentos sociais que sempre apoiaram Lula e seu partido.
Como um alcoólatra que se entrega a uma garrafa de cachaça e é automaticamente abandonado por quem bebe, em público que seja, apenas socialmente, Lula vai perdendo sua base de apoio. Ele enfrenta tantas dificuldades que até deserções de aliados de longa data começam a ser notadas. Não bastasse isso, há as manifestações de movimentos sociais que se sentem traídos.
Aprovar uma ou outra lei e implementar políticas pode ter origem nesses acordos, ainda que com concessões. Mas, como diz aquele cartão de crédito, não tem preço que pague quem usa do oportunismo das trinta moedas. Em consequência, a imagem de Lula começa a ser afetada. Percebe-se que ele está se distanciando de seus princípios originais em nome de uma estratégia política que pode deixar o governo à deriva, até que os aliados do capitão tomem o leme das mãos do comandante.
Em tese, os acordos com o Centrão são um reflexo da complexidade e das exigências da política brasileira. Entretanto, embora possam ser necessários para a governabilidade, estão colocando cada vez mais em risco a alienação de antigos e juramentados aliados, comprometendo, até o fim de um túnel sem luz, a identidade política do governo. A gestão dessas alianças e a comunicação com a base eleitoral são cruciais para o futuro do mandato de Lula. E, claro, para a sustentabilidade de seu projeto político no Brasil. Porque, se tudo der errado, a Ilha é logo ali.