Tiros na caravana
‘Lula colhe o que planta’. Ops!, foi mal, conserta Alckmin
Publicado
emEstá tudo de cabeça para baixo. Como, por exemplo, causar estranheza em adversários e aliados a declaração de Geraldo Alckmin, governador de São Paulo, de que o PT “colhe o que planta” diante da ocorrência de um ataque a dois tiros a ônibus da caravana de Lula pelo Sul. Horas depois, o presidenciável tucano recuou e postou um texto no Twitter, onde sustenta que toda forma de violência tem que ser condenada.
“É papel das autoridades apurar e punir os tiros contra a caravana do PT. E é papel de homens públicos pregar a paz e a união entre os brasileiros. O país está cansado de divisão e da convocação ao conflito”, enfatizou.
A escalada retórica, estranha ao costumeiro tom apaziguador do tucano, foi considerada um ensaio de Alckmin de uma postura mais firme, de olho nos votos de Jair Bolsonaro. Auxiliares reconhecem que será necessário modular as declarações, porque essa, relativizando um ato de violência contra um adversário, foi considerada “desastrosa” internamente.
Enquanto isso, o que se observa é que detratores e apoiadores do PT parecem flertar, em lados opostos, com a mesma ideia que em tudo atenta contra a democracia: a de transformar Lula em mártir.
Como lembrou Vera Magalhães, no BR18, “atentados à caravana do petista são inadmissíveis e qualquer condescendência, da parte de quem quer que seja, com atos desta natureza é condenável. Da outra parte, declarações como as do próprio Lula, insinuando comparações à sua situação com a de Tiradentes, são uma inacreditável apropriação de um atentado lastimável para corroborar uma falsa narrativa de que Lula é vítima de perseguição das instituições.”
Na cúpula do PT, vem sendo reforçado o discurso de que Lula é vítima de uma caçada após os tiros que atingiram a caravana do ex-presidente no Sul. O Painel da Folha relata que, logo após o incidente, o deputado Paulo Pimenta ligou para o ministro Raul Jungmann para dizer que a integridade do petista está nas mãos do presidente Michel Temer.
Por fim, tem-se a informação de que petistas, temendo a escalada dos confrontos até o julgamento do habeas corpus de Lula pelo STF, no dia 4, defendam que ele suspenda as andanças pelo país até lá.