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Ministros acéfalos

Lula, comece a reforma pela turma de Pernambuco… e garanta uma vaga ao Tainha

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Geraldo Seabra - Foto Reprodução X

Em sua próxima reforma ministerial, o presidente Lula poderá dispor das vagas dos três ministros pernambucanos, que após dois anos de exercício do poder ainda não disseram para que vieram. São eles o ministro da Defesa, José Mucio Monteiro; dos Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho; e o da Pesca e Aquicultura, André de Paula. Enquanto José Mucio, que já está demissionário, é da cota pessoal do presidente, os dois outros precisam ter suas substituições negociadas com seus respectivos partidos, PSD de André de Paula, e Republicanos, de Silvio Costa Filho.

Espécie de chefe do departamento pessoal das Forças Armadas, o ministro José Mucio Monteiro, sem partido, vende para a mídia corporativa, que compra a qualquer preço, a falsa ideia de que ele pacificou as Forças Armadas, leais ao ex-presidente Jair Bolsonaro a ponto de ameaçarem a posse de Lula com um abortado golpe militar, para submetê-las ao comando supremo do presidente Lula. Completamente desmoralizadas perante a nação durante o período eleitoral, com ações voltadas para melar as eleições, no sustento de acampamentos golpistas às portas dos quartéis, um ministro da Defesa do porte do sargento Tainha faria com brilho o trabalho de José Mucio.

Sem comando sobre os oficiais-generais, poderosos e arrogantes, o ministro civil é uma figura decorativa: ele finge que dá ordens e os militares fingem que obedecem. Até na lista de promoções ele não apita em nada, atuando aí como chefe do departamento de pessoal e como pombo-correio leva a Lula a escolha dos generais para a promoção dos seus subalternos. Sobre os militares envolvidos na tentativa de golpear a democracia e assassinar Lula, Geraldo Alckmin e Alexandre de Moraes, José Mucio foi omisso nas investigações e na punição dos culpados.

Diante da escalada de violência espalhada pelo país pelo crime organizando, que transforma as periferias das grandes cidades em verdadeiras praças de guerra – uma guerra civil urbana, ainda que não declarada – talvez a transferência para os quadros da Guarda Nacional de pelo menos metade dos mais de 500 mil militares que passam o dia coçando o saco nos quartéis possa reforçar o combate a quadrilhas de traficantes e milícias que diuturnamente desafiam o poder público em praticamente todas as grandes capitais e cidades brasileiras.

No comando do Ministério de Portos e Aeroportos, o ministro Silvio Costa Filho, que ascendeu ao primeiro escalão do governo federal ainda em seu primeiro mandato de deputado federal, é outro que quase nada fez pelo setor, ou pela população que depende dele. Na questão aeroviária, por exemplo, as ações do ministério não fizeram efeito sobre os preços das passagens aéreas nas linhas nacionais que continuam as mais caras do mundo, dificultando o acesso da população e elitizando cada vez mais os voos domésticos.

Na semana passada, Silvio Costa Filho chamou entrevista coletiva para anunciar uma redução de 5,1% no preço médio das passagens aéreas das linhas domésticas em 2024, redução essa que fica anulada com a inflação oficial do ano passado, que ficou em 4,83%, ou 5% redondos para as famílias de renda mais baixa. Em outra entrevista, o ministro disse que a anunciada fusão entre a Gol e a Azul “poderá ser positiva para o país, inclusive no sentido de evitar o aumento de tarifas, já que resultaria na diminuição do número de assentos não ocupados das aeronaves”.

É claro para qualquer cristão que bastaria uma redução no preço das passagens para que não sobrassem assentos vazios nas aeronaves. A fusão das duas empresas, pelo contrário, vai tender para um monopólio, o que fatalmente sempre contribui para a elevação dos preços dos serviços prestados, e não sua redução, no caso, das tarifas domésticas que as empresas continuam cobrando nas alturas enquanto correm atrás do governo federal em busca de empréstimos subsidiados para o pagamento de suas dívidas, mirando recursos do tesouro nacional.

Com 8,5 mil quilômetros de costa no oceano Atlântico, e outros milhares de quilômetros dos rios das bacias Amazônica, Tocantins-Araguaia, e São Francisco, no Nordeste, o Brasil ainda depende da piscicultura para colocar o peixe na mesa da população. Tanto que a produção de peixes no país tem crescido no meio rural, com a multiplicação de tanques que precisam ser abastecidos da água que pode faltar para a lavoura ou mesmo para o consumo humano ou de animais, à semelhança do que ocorre na agricultura irrigada.

Números disponíveis indicam que em 2022 a produção de peixes nesses criatórios foi da ordem de 860 mil toneladas. No ano seguinte, a tilápia, o peixe mais produzido no Brasil, representou 67,5% de toda a produção nacional. Não há números disponíveis sobre a produção da pesca extrativa, feita nos rios e no mar, que é feita artesanalmente por cerca de 40 mil embarcações de pescadores individuais e outros três mil barcos pesqueiros que operam em nível industrial. Mas são números aleatórios, porque nem o Ministério da Pesca e Aquicultura dispõe de dados sobre essa atividade econômica, de grande importância para ajudar na segurança alimentar da população brasileira.

Sem esses números, o ministro André de Paula comanda a sua pasta como se estivesse de olhos vendados e em dois anos no cargo não foi capaz de instituir uma política nacional para organizar o setor pesqueiro do país. O resultado dessa ausência de uma política para o setor deságua nos elevados preços dos pescados, cada vez mais distante da mesa dos brasileiros. A gravidade da situação, como ocorre todos os anos, atingirá seu auge na Semana Santa, quando a oferta do pescado mais uma vez não atenderá à demanda e os preços do pescado vão para as alturas.

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