José Escarlate
Um dos meus mais novos amigos de infância é o Jeff Thomas. Potiguar, nascido na cidade que ele chama de Mossoró City -, seu nome real é Francisco de Assis Veras, mas ninguém o conhece assim. Ele, muito menos. Escritor, colunista e jornalista, Jeff Thomas tem dois sonhos: morar em Londres e ser imortal da Academia Brasileira de Letras.
Crítico mordaz, tanto na ditadura quanto na democracia, não poupava os governantes de plantão: os militares e Sarney, Collor e Fernando Henrique. Jeff fez uma reportagem que induziu o metalúrgico Lula da Silva, ainda candidato a candidato, a tirar o macacão, que havia virado farda de campanha, para ir jantar no famoso Gallery, em São Paulo.
Era uma matéria bolada para a revista “Manchete”, dos Bloch, que recebeu o título “A Classe Operária vai ao Paraíso”. Com ela, a direita ficou perplexa, e a esquerda, assustada com o que estava se passando.
Mais mordaz que nunca, Jeff escreveu que, durante o jantar no Gallery, Lula se comportou corretamente. “Pegou os talheres com toda classe, mastigou de boca fechada e não falou de boca cheia…” Quem pagou a conta foi seu Adolfo Bloch, da Manchete. Os colunistas da época ficaram surpresos com a audácia do Jeff.