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Lula convoca militância para ocupar as ruas no dia da votação do impeachment

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Ricardo Galhardo

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva conclamou, nesta segunda-feira, 4, os eleitores contrários ao impeachment da presidente Dilma Rousseff a tomarem as ruas no dia em que a Câmara votar o pedido de abertura do processo de afastamento da presidente.

“No dia em que forem colocar em votação o impeachment nós temos que estar nas ruas porque eles estão tentando armar uma treta para nós e avisar só os coxinhas”, disse Lula durante um ato em defesa da democracia na frente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo.

O ato começou ao som de um panelaço promovido moradores de prédios e casas próximos à sede do sindicato.

Dias depois de chamar o vice-presidente Michel Temer de golpista, em um discurso em Fortaleza (CE), Lula mediu as palavras nesta segunda ao se referir ao possível sucessor de Dilma. “Não tenho nada contra o Michel Temer. A única coisa que posso dizer é que se ele quer ser presidente que dispute a eleição. Este negócio de tentar encurtar o caminho não dá certo”, afirmou Lula.

Oradores que precederam o discurso do ex-presidente não pouparam o vice-presidente. Vagner de Freitas, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Rafael Marques, presidente do sindicato e outros usaram várias vezes a palavra “golpista” para se referir ao peemedebista.

“Não posso falar as palavras que alguns disseram porque ainda tenho uma tarefa para ser cumprida”, justificou Lula, que espera assumir na quinta-feira a chefia do ministério da Casa Civil.

O ex-presidente disse que no ministério sua principal tarefa será conversar com diversos setores da sociedade e tentar romper o isolamento do governo imposto pelo estilo de Dilma. “Se tem alguém reclamando que a Dilma não conversa vai se lascar. Porque eu vou conversar. Vou dizer para a Dilma ir governar o Brasil enquanto eu converso. Porque o Brasil precisa voltar a sorrir”, explicou Lula.

O ex-presidente, saudado aos gritos de “o Lula voltou, o Lula voltou”, disse que a partir de agora Dilma não ficará mais isolada no poder.

“A companheira Dilma que às vezes fica sozinha lá naquele Palácio agora vai ter um grupo de companheiros para ajudar, para ela poder terminar o governo dela de cabeça erguida e descer a rampa como eu desci”, afirmou.

Dizendo ter voltado ao modo “Lulinha paz e amor”, o ex-presidente, diante de uma plateia formada quase na totalidade por metalúrgicos, admitiu que é necessário “dar uma consertada na política econômica” do governo. “Sei que tem muito peão que está puto com o governo”, disse ele.

Lula se mostrou preocupado com o clima de intolerância que tem tomado conta do País, pediu para que os aliados de Dilma não entrem no “jogo rasteiro” e criticou o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, filiado ao PMDB, por causa do apoio dado pela entidade ao movimento pelo impeachment.

O ex-presidente disse que o movimento sindical deve cobrar explicações da Fiesp sobre a origem do dinheiro usado na campanha pelo afastamento de Dilma e sugeriu que se tratam de recursos públicos, provenientes do imposto sindical patronal, formado pelo desconto de 2% ao ano da folha de pagamento das empresas, que financia o chamado Sistema “S”.

“O movimento sindical precisa perguntar para o Skaf para ver se o dinheiro é público”, sugeriu Lula, que aproveitou para ironizar a Fiesp, uma das maiores defensoras da redução da carga tributária, que tem usado um pato em suas campanhas para simbolizar os contribuintes. “Eles não ficam reclamando tanto para reduzir impostos? Então por que não reduz os 2% da folha da pagamento”, alfinetou Lula.

estadao

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