Um dia após o novo governo completar 100 dias de gestão, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva embarca para uma importante viagem a China. Talvez a mais expressiva dos destinos internacionais se levarmos em conta o recente desgaste nas relações entre os dois países durante oa administração de Jair Bolsonaro e o fato do país asiático ser o maior comprador de nossas commodities.
Torna-se ainda mais relevante, se recordarmos todo a aproximação feita desde o primeiro mandato de Lula, lá em meados dos anos dois mil, com recordes favoráveis em nossa balança comercial e culminando na formação do Banco Brics, uma importante alavanca comercial-financeira que tem ainda Rússia, Índia, China e África do Sul.
Vale observar que a ex-presidente Dilma Rousseff foi recém-empossada na cadeira mais alta da instituição. Ou seja, o Brasil tem, hoje, o comando de um organismo conhecido como Novo Banco de Desenvolvimento (NDB na sigla em inglês), que age para conter os impulsos americanos e europeus para dar as cartas em uma economia globalizada.
Apesar de todas as críticas a Lula por parte da bancada ruralista durante a última campanha eleitoral, o agronegócio tende a ser o setor mais beneficiado nessa missão brasileira à China. Trabalhos que tiveram início no final de março com a ida do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro que entre diversas negociações já obteve o levantamento do embargo à carne brasileira.
Com tudo isso, percebe-se entre a delegação brasileira um total clima de otimismo para novos anúncios favoráveis ao país, diante da premente necessidade de recuperação do PIB afetado pela pandemia. Nesse período o Brasil ainda sofreu com a falta de semicondutores, fator que pôs em risco a continuidade de diversos setores industriais, entre eles o automotivo e de máquinas e equipamentos.
O presidente da Frente Parlamentar Brasil–China, deputado Fausto Pinato (PP-SP), voz dissonante na legenda e aliado do Planalto, tem se mostrado também muito confiante no êxito da missão. O parlamentar espera o reforço da parceira comercial com a China e anseia que o Brasil consiga, após a missão das tratativas de Lula com seu colega Xi Jinping, trazer na bagagem condições de aperfeiçoar a chamada reindustrialização brasileira (a retomada da fábrica da Ford na Bahia, por exemplo, a ser supostamente entregue a uma montadora de Pequim) e investimentos em outras áreas, como mineração e a indústria do turismo.
Enfim, vamos observar e torcer, para que as previsões se confirmem em torno de todas as boas expectativas geradas. Enquanto Lula viaja (o embarque será na terça-feira, 11), o Brasil não para. Por aqui a área Econômica e o Congresso Nacional continuam debruçados sobre o arcabouço fiscal. A semana começa agitada, com uma brisa suave soprando entre Brasília e Pequim, num efeito bumerangue que pode incluir, inclusive, a desdoralização da balança comercial entre Brasil e China.. Mas isso é para ser avaliado num próximo artigo,