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Lula deixa o professor Dirceu com sua própria aflição para ir dançar minueto com Dilma

Tempo de vinho e rosas, quando José Dirceu ensinou a Lula os dois caminhos da estabilidade de seu primeiro governo em 2003:

1 – Redigir a Carta aos Brasileiros – a Carta de Olinda – para acalmar o mercado, e sepultar o medo barbudo que Lula infundia aos capitalistas.

2 – Montar a aliança com o PMDB para alcançar governabilidade no Congresso, a preço do toma-lá-dá-cá e o loteamento do governo.

Lula seguiu os ensinamentos do mestre nascido em Santa Rita do Passa Quatro, Minas Gerais, o município mais oriental do estado e mais pegado com São Paulo, ao que se diz, o de menor teor do caráter mineiro.

Agora, Lula se volta contra seu velho orientador da tese de como conquistar o poder e depois mantê-lo por 22 anos. Pede que Dirceu se desfilie do PT, porque está estragando a “imagem” do partido.

Da cadeia, não se sabe qual será a reação do professor de poder, o Maquiavel de Passa Quatro. Talvez passe quatro recados para Lula, a saber:

1. Daqui não saio, sou fundador do PT;

2. Só saio se me conseguirem um habeas-corpus no STF e mandarem pagar meus advogados;

3. Saio, sim, mas se acertarem com Michel Temer eu entrar no PMDB no dia seguinte;

4. Só saio se puder continuar atuando com minha consultoria empresarial junto ao governo Dilma.

Evidente que é fantasia, porém que fantasia não era tornada realidade pelo operador mais importante dos oito anos de Lula e cinco de Dilma? (Sim, porque mesmo preso na Papuda, condenado pelo mensalão, continuava operando).

No que deu tudo isso? O que está posto hoje: uma crise de caráter entre o PT e o PMDB. Caracteres parecidos, mas só existe espaço para um. Dirceu mandou Lula juntar o que é impossível.

Todavia, a equação montada por Dirceu continua sendo a chave para sustentar Dilma até ao final de seu mandato. Pelo menos, essa é a ideia, se antes Michel Temer não der adeus à articulação política e vá se aliar a Eduardo Cunha.

Enquanto isso, Lula dança um minueto com Dilma. Ora evoluem nos salões juntos e afinados, ora se afastam. Ora são sorrisos complacentes, ora frases de escárnio. Como a do volume morto.

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