Potencial de transferência
Lula enche Haddad de votos nos redutos nordestinos
Publicado
emO potencial de transferência de votos de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para Fernando Haddad (PT) aumentou nas duas últimas semanas, segundo a série de pesquisas Ibope/Estado/TV Globo nas eleições 2018.
O instituto perguntou aos entrevistados se, com Lula fora da disputa e declarando apoio ao ex-prefeito de São Paulo, eles com certeza votariam, poderiam votar ou não votariam de jeito nenhum em Haddad.
A parcela que, nessa hipótese, votaria “com certeza” no ex-prefeito subiu nove pontos porcentuais, de 13% para 22%, desde 20 de agosto, quanto o Ibope fez pela primeira vez essa pergunta. E os que “poderiam votar” passaram de 14% para 17%. Os porcentuais se referem ao universo total de entrevistados, não apenas aos que simpatizam com Lula.
Os que não votariam em Haddad apoiado por Lula em nenhuma hipótese ainda são a maioria absoluta do eleitorado, mas essa parcela caiu de 60% para 53% em duas semanas.
Em termos geográficos, o local com maior potencial de crescimento para Haddad é o Nordeste: lá, cerca de um terço do eleitorado declara intenção de votar nele “com certeza” quando é citado como o candidato de Lula.
Se essa transferência de votos se concretizar, os adversários que mais terão a perder serão Ciro Gomes (PDT) e Marina Silva (Rede). Seis em cada dez eleitores de Ciro admitem seguir a orientação de Lula e votar em Haddad . No caso de Marina, metade de seu apoio poderia migrar para o petista.
Já entre os eleitores de Jair Bolsonaro (PSL) a chance de migração para o petista é mínima: 85% afirmam que não votariam nele de jeito nenhum.
O Ibope fez a pergunta sobre a potencial de Haddad com o apoio de Lula porque, desde o início oficial da campanha eleitoral, as chances de o ex-presidente poder de fato se candidatar eram nulas. A lei da Ficha Limpa impede que condenados em segunda instância – caso do petista – concorram a cargos públicos. Lula está preso por corrupção e lavagem de dinheiro desde 7 de abril.
De fato, o Tribunal Superior Eleitoral acabou indeferindo o registro da candidatura na madrugada do último sábado. O PT ganhou o prazo de 10 dias para anunciar o substituto – que deve ser Haddad.
O ex-prefeito de São Paulo é ainda muito desconhecido. Na pesquisa Ibope divulgada na noite desta quarta-feira, ele teve apenas 6% das intenções de voto. Ou seja, se houve alguma transferência de votos de Lula para ele, ela é muito menor que o potencial revelado pela mesma pesquisa.
Como Lula deixou oficialmente de ser candidato, o Ibope não incluiu no levantamento um cenário com o nome dele. Mas o ex-presidente voltou a aparecer na pesquisa espontânea – aquela em que os eleitores manifestam sua opção antes de receber uma lista com os nomes dos candidatos.
Nesse caso, Lula ficou com 22%. Ele perdeu seis pontos porcentuais em relação ao Ibope anterior, de 20 de agosto, mas ainda ficou à frente de Jair Bolsonaro (PSL), que teve 17%. Na pesquisa estimulada, Bolsonaro apareceu como líder, com 22%, seguido de Ciro Gomes (PDT) e Marina Silva (Rede), ambos com 12%.
O Ibope ouviu 2.002 eleitores, em 142 municípios, entre os dias 1o. e 3 de setembro. A margem de erro do levantamento é de dois pontos porcentuais para mais ou para menos, e o intervalo de confiança é de 95%. Isso significa que há uma probabilidade de 95% de os resultados retratarem o atual momento eleitoral, considerando a margem de erro. O registro na Justiça Eleitoral foi feito sob o protocolo BR‐05003/2018. Os contratantes foram o Estado e a TV Globo.