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Lula exige desculpas e respeito à família dele

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva faz pronunciamento durante coletiva no Hotel Jaraguá, no centro da capital paulista, nesta quinta-feira (15), depois de ser denunciado pela Força-tarefa da Operação Lava Jato. 15/09/2016 - Foto: MÁRCIO FERNANDES/ESTADÃO CONTEÚDO

Marta Nobre, Edição

Desculpa é uma palavra nobre. Não é sinônimo de baixar a cabeça. Esse o raciocínio do ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, ao exigir respeito à história dele e à sua família. A afirmação foi feita na sede do Diretório Nacional do PT, em São Paulo, 24 horas após a Operação Leva Jato ter denunciado Lula como o comandante da corrupção no esquema do Petrolão.

Em pronunciamento em tom emocionado, nesta quinta-feira, 15, sobre as denúncias apresentadas contra ele pelo Ministério Público na Lava Jato, Lula disse que fazia uma declaração como “um cidadão indignado com as coisas que aconteceram e estão acontecendo neste País”.

Antes de começar sua defesa, Lula fez uma ironia, dizendo que não faria um show de pirotecnia como a força-tarefa da Lava Jato na quarta-feira, 14. “Não quero me comportar como um ex-presidente da República, como um cara perseguido, como se estivesse reivindicando algum favor.”

Ele agradeceu os advogados pela defesa “competente e espetacular” que estão fazendo e disse que não tinha levado sua esposa, Marisa Letícia, também denunciada pela Lava Jato, porque ela tinha ficado em casa “almoçando com os filhos”. “Neste País penso que não há alguém com a vida pública mais fiscalizada do que a minha, desde os tempos em que era membro do sindicato, nas assembleias, nas greves, quando Murillo Macedo (ex-ministro do Trabalho) resolveu investigar as greves do nosso sindicato.”

O ex-presidente da República falou ainda sobre o passado na vida sindical e alegou que era um espaço muito limitado para a sua atuação, pois queria olhar mais para a cidade, para o País, e que por isso decidiu criar um partido político. “Tenho orgulho de ter criado o mais importante partido de esquerda da América Latina.” No pronunciamento, o petista disse que renovação e alternância de poder faz muito bem à democracia.

Lula disse que tinha como “quase profissão de fé não errar” quando assumiu a Presidência da República em 2003 e que foi vítima da mesma tentativa que tirou sua sucessora, Dilma Rousseff, do poder.

Fazendo um relato histórico sobre o período que tentou, como metalúrgico, chegar à Presidência, ele falou que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e a oposição sempre acreditavam no fracasso do PT no governo. “Eu digo que o FHC naquela ocasião (nas eleições de 2002), preferia mais que eu ganhasse do que o Serra (José Serra, então candidato pelo PSDB). A tese dele era que o operário vai ganhar, vai ser um fracasso absoluto vai gritar: ‘volta, volta'”, afirmou Lula.

O ex-presidente da República também falou que tentaram fazer com ele, em 2005, o que fizeram com Dilma Rousseff em 2016, ao tirá-la do comando do País. “Quando começamos a dar certo na Presidência tentaram fazer o que fizeram em 2005 com a Dilma agora, com o tratamento de uma parcela da mídia brasileira e uma parcela no judiciário”, falou.

Ele também disse que sofreu muito preconceito com a ideia de se criar o PT. “Os trabalhadores até tinham medo da gente, porque os que nos atacam hoje falavam que eu era comunista.”

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