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Lula fatura e recebe lá fora apoio para Brasil do futuro

O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, visita pela primeira vez o centro de transição no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) e se reúne com parlamentares das bancadas aliadas.

Enquanto os cães ladram feroz e maquiavelicamente, a caravana passa exatamente como prega o ditado popular de origem árabe. A ideia do provérbio é expressar as características dos dois lados do comportamento humano: um é onde permanecem os que estão presos a um delimitado espaço racional; o outro inclui os que passam ao largo, livres rumo a seu destino. Estes buscam um futuro melhor para todos, inclusive para aqueles que conseguem se livrar das amarras que os mantêm presos à própria ignorância. Naturalmente, os libertos ignoram provocações que possam impedir o progresso e esquecem críticas que não sejam construtivas. Filosofia à parte, a caravana passa e passa com pressa para tentar amenizar a herança maldita.

Pois é o que o presidente eleito democraticamente em 30 de outubro fez em sua passagem pela terra dos faraós. Na ausência de um governante capaz, ele, que nem governo ainda é, partiu para o ataque antes que a defesa do adversário acabasse com o Brasil. Pelo menos é o que estão tentando. Sorte da metade mais um dos brasileiros é que jamais conseguirão. Não o idolatro e não tenho recibo para bajular Luiz Inácio. No entanto, é injusto e sacana não reconhecer seu valor. Em sua passagem pelo Egito, onde participou da COP27, a única coisa sobre a qual todos perguntavam era: Cadê Lula? E Lula estava ali, ora reunido com norte-americanos, ora com chineses, ora com os europeus. O que as potências econômicas querem saber é quando o Brasil deixará de ser coadjuvante no jogo internacional, principalmente nas discussões sobre meio ambiente.

Nesses últimos quatro anos, o protagonismo relativo à paz e ao diálogo foi literalmente jogado na lata do lixo. Por isso, endosso a afirmação de colunistas brasileiros, para os quais o sucesso de Lula na COP “é a última realização do governo Bolsonaro”. Como menino birrento, o presidente em exercício sumiu, deixando de cumprir seu papel constitucional. Erisipela pode impedir de andar, mas não de falar. Sob suas ordens, os cães ladram e, desordenadamente, fecham ruas e rodovias. Enquanto isso, o líder eleito aparece para o mundo e fatura dividendos que havíamos perdido por conta das desastrosas ações de um governante de quinta série. A falta de rumo é a principal geradora dessa tal herança maldita. Certamente os bolsonaristas fanáticos nunca procuraram saber das mazelas produzidas pela administração do Jair. E não querem saber delas.

Fora a fome e o desemprego que atingem milhões de brasileiros, temos uma Amazônia devastada e, por baixo, com mais de mil pistas de pouso usadas ilegalmente por contrabandistas e traficantes. Além disso, não se preocuparam com o vírus chamado “gripezinha” que não quer nos deixar e nos impuseram um Centrão que, de camundongo chato, virou uma ratazana voraz. Até janeiro, mês da redenção nacional, muita coisa de podre ainda aparecerá em torno do reino do imaculado clã bolsonarista. É uma questão de tempo. E o tempo, que não para, é um terrível inimigo dos medrosos, especialmente daqueles que fogem da responsabilidade ao primeiro sinal de perigo. No caso em questão, fugiu para não assumir uma fragorosa derrota. É como sempre digo: dependendo do ponto de vista, há na vida os heróis e os vilões. Quem mostra a cara é porque tem força, coragem e luz. Tem, sobretudo, o que há de mais especial na alma humana: vontade de acertar, após a inquestionável vitória em uma eleição corrupta, abusiva e desequilibrada.

Os que se achavam heróis perderam e não aceitam aplaudir um ser que imaginavam morto, talvez invisível. A verdade é que estes parecem de luto. Quando conseguem dormir, acordam de madrugada com crise de pânico esperando a volta dos que não foram e não querem ir. É imperioso afirmar que o tiro saiu pela culatra. À deriva há quase quatro, o barco afundou de vez. É o fim de um ciclo, de uma pandemia política que vitimou centenas de milhares de brasileiros. O momento é de união. O governo que finda de forma melancólica debochou da morte, fez pouco caso do povo, particularmente dos nordestinos, e por pouco não privatizou a nação. Brasileiro por nos mostrar que a esperança não morre, Deus, Aquele que verdadeiramente está acima de tudo e de todos, um dia pregou sobre a necessidade de transformar uma jornada comum em algo majestoso.

É o que estamos esperando a partir de 1º. de janeiro de 2023. Um pensamento espiritual revela que, toda vez que criticamos a experiência dos outros, apontamos em nós mesmos os pontos fracos que precisamos emendar em nossas próprias existências. Não é, mas bem que poderia ser um recado para os que se acham próximos da perfeição, acima do bem e do mal. O povo que bloqueia estradas é o mesmo que insiste na tese de que Jair Bolsonaro foi um exemplo de lisura. No governo dele não houve corrupção, fome, desemprego, criminalidade, inflação, tampouco uma “gripezinha” negada à exaustão e que, em decorrência da má gestão, matou quase 680 mil cidadãos e cidadãs. Não parece ter sido um governo tão bom assim. Prova é que Bolsonaro queria continuar presidente do Brasil, mas metade mais um do Brasil não o quis mais. E agora, Jair?

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