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Lula faz em 100 dias o que Bolsonaro não fez em 4 anos

Brasília (DF), 03/04/2023 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ministros fazem reunião de balanço de 100 dias de governo, no Palácio do Planalto.

Ao se aproximar de seus primeiros 100 dias de governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem enfrentado alguns percalços naturais de qualquer início de gestão. Naturalmente, este é o período de maior cobrança da sociedade e da imprensa. Imediatista, a primeira quer resultados rápidos para suas demandas, sobretudo quando elas são esquecidas pelos antecessores dos mandatários em quem ela apostou. O segundo segmento é movido pela busca de fatos novos ou pela necessidade de denunciar e cobrar promessas descumpridas. Portanto, apesar dos tropeços, desalinhamentos entre as pastas e eventuais falhas na comunicação, a avaliação popular em relação ao presidente da República permanece positiva.

A prova de que o governo Lula está no caminho certo vem da própria mídia, que adjetiva as tais falhas apenas de ruídos. Ou seja, não há crise, mas solavancos de arrumação normais no começo de uma relação recheada de cabeças pensantes, mas com problemas diversos para solucionar. E não são problemas comuns. Cada um dos milhares de aliados, dos ministros, assessores, colaboradores, empresários e representantes do povo tem um pedido, solicitação, reivindicação ou exigência diferentes. Como líder máximo, Lula precisa atender a todos. E com a rapidez exigida pelos “cobradores”. É o ônus de alguém que se propõe a esse tipo de empreitada.

Independente do que digam, o fato é que, munido de um memorial recheado de boas intenções, Lula vem conseguindo aparar arestas daqui e dali. Por exemplo, para quem duvidava de uma tramitação rápida, o novo arcabouço fiscal deverá ser votado até o fim de maio. Mesmo que a proposta do Executivo ainda não tenha sido encaminhada à Câmara, deputados próximos ao presidente da Casa, deputado Arthur Lira (PP-AL), afirmam que ela será apreciada com rapidez. Por enquanto, estão cotados para relatar o projeto os deputados André Fufuca (MA), Fernando Monteiro (PE), Júlio Lopes (RJ) e Claudio Cajado (BA), todos do partido de Lira.

Mesmo que ainda haja dúvida sobre o futuro do Brasil e do governo Lula, eleitores de diferentes ideologias e religiões são unânimes em assegurar que esses três meses já são melhores do que os quatro anos do governo de Jair Bolsonaro. As recentes pesquisas de opinião colocam a administração do atual presidente em patamares bem superiores aos de seus antecessores, de forma especial ao de Bolsonaro, quando claramente havia dois pesos e duas medidas no trato com a população que paga impostos. Atualmente, apenas os que insistem em defender a ditadura como o melhor caminho são alijados das discussões. Ficam de fora porque querem.

Uma parcela do eleitorado brasileiro pode até não gostar de Lula ou de seus métodos. No entanto, é impossível negar que o Brasil de hoje é de todos. Próximo dos 100 dias, Lula tem consciência de que “genialidades” são insuficientes para uma nação com necessidades comuns, simples e efetivas. Gerar empregos, matar a fome e garantir segurança, saúde, educação e moradia dignas aos brasileiros não requer lampejos de intelectualidade. Basta vontade política. E isso ele já demonstrou que tem de sobra. O primeiro passo foi dado. Conforme o presidente, não existem proposições de ministros, mas de governo. E é assim que tem de ser, sob pena de os ministérios se transformarem em ilhas de poder paralelo.

Como diz o ditado, onde todos mandam, ninguém obedece e tudo fenece. O dia 31 de março, quando se comemorou o 38º aniversário do fim da ditadura, foi marcado pelo arquivamento definitivo das famigeradas ordens do dia dos comandantes militares. Queiram ou não os apoiadores do levante, o Exército não celebrar o aniversário do golpe de 1964 representa, além de um presente de Lula ao povo brasileiro, a certeza de que a instituição voltou a ser de Estado. Em três meses, o país mudou. Quem acompanhou os tempos sombrios da gestão de Bolsonaro lembra como a imprensa era tratada. Na verdade, como era maltratada, desrespeitada e, na maioria das vezes, ignorada.

Sob o comando do deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS), a Secretaria de Comunicação da Presidência da República não precisou inventar a roda, tampouco criar novos mecanismos de conduta. Fez o que qualquer governo deveria fazer: dialogar democraticamente com os os jornalistas, segmento que tem a função de levar à sociedade o que é produzido pelo Executivo federal. O tempo dirá que os mais de 60,3 milhões de eleitores tinham razão quando preferiram Luiz Inácio Lula da Silva em outubro de 2022.

*Sonja Tavares é jornalista

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