Um dia após ter sua condenação confirmada (e ampliada) pelo TRF-4, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva mostrou que não dará o braço a torcer. E assumiu, entre aplausos, a pré-candidatura ao Palácio do Planalto, em ato realizado na sede da CUT, em São Paulo. Coube à senadora Gleisi Hoffmann, presidente do PT, anunciar a decisão.
Lula foi condenado em segunda instância pela turma de desembargadores do Tribunal Regional Federal da 4ª Região a 12 anos e um mês de prisão, pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, no caso do tríplex do Guarujá. Com isso, foi ampliada a pena estabelecida pelo juiz Sergio Moro, que havia condenado o petista em primeira instância a nove anos e meio de reclusão.
Apesar da Lei da Ficha Limpa prever que políticos condenados em segunda instância não podem ser candidatos, a decisão do TRF-4 não tira Lula da eleição automaticamente. Uma possível impugnação da candidatura do petista cabe somente ao Tribunal Superior Eleitoral, que deverá levar em conta o que prevê a Ficha Limpa na hora de analisar o caso do ex-presidente.
Gleisi destacou a importância da reunião em virtude “do momento que estamos vivendo”. Ela agradeceu o apoio dos partidos PCdoB, Psol, PSB, PDT e o PCO e também ao senador Roberto Requião (MDB), além de movimentos sociais e sindicatos do Brasil e de outros países que estiveram no encontro. “Desde 2014, não via mobilização tão grande da militância. É possível consolidação da centro-esquerda para enfrentar retrocesso”, enfatizou.
Os radicais – “Não vamos derrotar o golpe ganhando liminar na Justiça. Os advogados que façam o trabalho deles. Mas tem que ter mobilização popular para Lula ser candidato. Temos de fazer enfrentamento social e uma rebelião cidadã”, afirmou o líder do PT no Senado, Lindbergh Farias. “Para prender Lula, vão ter de prender milhões de brasileiros”, completou.
O senador ainda disse que a tentativa de impugnar a candidatura de Lula é parte do golpe, depois do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e da aprovação da reforma trabalhista, citando que o governo atual estaria rasgando a Constituição. “Ninguém é eleito defendendo essa reforma da Previdência e essa reforma trabalhista”, criticou.
Também presente na reunião, o líder da oposição no Senado, o petista Humberto Costa, foi mais um a incitar a radicalização para garantir a candidatura do ex-presidente Lula depois da condenação em segunda instância no caso do tríplex do Guarujá. “A única maneira de barrarmos o golpe e garantir a candidatura de Lula é ir às ruas e partir para desobediência civil.”
Sobre o julgamento, Humberto Costa afirmou que o TRF-4 estava julgando o que vai acontecer nas eleições deste ano. Segundo ele, a interpretação do TRF-4 não corresponde aos fatos e repetiu que não existe crime. “Nenhum representante da Justiça conseguiu provar, portanto, até o presente momento, não existe crime. E, se não existe crime, não há criminoso.” Ele citou o artigo do New York Times, dizendo que o que foi considerado prova aqui, nem iniciaria o processo nos EUA.