O PT quer ver Lula disputando a próxima sucessão presidencial. Mas, se o nome do ex-presidente não foi liberado pela Justiça Eleitoral, o candidato natural do partido será Fernando Haddad. Essa a decisão da maior estrela do partido, que mandou o petista derrotado nas urnas em 2018 pelo presidente Jair Bolsonaro ir para a rua em campanha.
A posição de Lula, porém, provocou reações em outros partidos de esquerda. Guilherme Boulos, antes eminência parda no Psol e que ganhou protagonismo ao ir para o segundo turno em São Paulo nas últimas eleições municipais, reagiu. Segundo o líder dos sem-teto, antes de se colocar um nome à mesa, é preciso desenhar um projeto para o Brasil.
Outro que não engoliu a indicação foi Ciro Gomes, que também perdeu para Bolsonaro (e teve menos votos que Haddad) em 2018. O líder do PDT entende que a indicação do candidato que enfrentará o bolonarismo em 2022 deve ser discutida por todas as legendas de esquerda. Ciro e Boulos dão sinais de racha. E podem sair juntos, compondo uma chapa capaz de ser vitoriosa.
De seu lado, Haddad não só abraçou a indicação de Lula, como já entrou em campanha. “Meu nome está colocado, evidentemente está colocado”, repetiu o ex-prefeito de São Paulo e ex-ministro da Educação em diferentes oportunidades nas últimas 24 horas. Mas sua candidatura, admitiu, será oficializada somente na hipótese de a justiça fechar as portas a Lula.
Haddad, como Lula e outros próceres petistas, lembram que há uma ação no Supremo Tribunal Federal que acusa Sergio Moro, ex-juiz e ex-ministro da Justiça, de não ser sido um magistrado imparcial na condução da Operação Lava Jato e na condenação do petista. Na eventualidade de Moro ser considerado suspeito, Lula pode voltar a ser elegível.
“O Lula recuperando os direitos políticos, evidentemente, a discussão é de outro nível, porque eu acredito que o Lula teria sido eleito, em 2018, se ele pudesse concorrer”, sustenta Fernando Haddad. O foco petista na atual conjuntura será a defesa da retomada do auxílio emergencial, incentivos à vacinação e uma política de relações exteriores que volte a abrir as portas para o Brasil.
Na opinião de Haddad, “se não começarmos agora a discutir com o país, combater a fome, o desemprego e a questão sanitária, nós não vamos ter 2022”.