O Brasil nunca esteve tão ruim das pernas. Se fomos levados à beira do precipício desde os governos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para cá, coube ao atual, de Jair Bolsonaro, dar o empurrãozinho que faltava para jogar o País no vácuo. A opinião é do Vem Pra Rua, manifestada pela porta-voz do movimento, Luciana Alberto, em entrevista exclusiva a Notibras. Eleger o capitão, diz ela, foi um grande erro. As reformas prometidas não aconteceram e o combate à corrupção foi enterrado junto com a Lava Jato.
Há excrecências que precisam ser repudiada, enfatiza a advogada e ativista Luciana Alberto. Ela lembra, por exemplo, os escândalos que estão sendo apontados pela CPI da Pandemia, o aparelhamento do Estado, os crimes de responsabilidade de Bolsonaro que justificam um impeachment, a LDO aprovada a toque de caixa… “enfim, regredimos 20 anos”, sintetiza.
O movimento, que ficou conhecido como um dos precursores da campanha do impeachment de Dilma Rousseff, defende o imediato afastamento de Jair Bolsonaro por tudo de ruim que ele tem feito contra o povo. O Vem Pra Rua não tem ligações com partidos políticos. Nem há planos para que se transforme em uma legenda partidária. O sonho deles é ver no Palácio do Planalto um presidente que corresponda às expectativas da sociedade.
“Afinal, somos cidadãos indignados com a velha e a ‘nova política’ que está aí. Rechaçamos ameaças á democracia, como tem feito o presidente. Sabemos que a situação é grave e as instituições, a sociedade, precisam estar alertas para evitar mais retrocessos”, sublinha Luciana Alberto. Sobre o nome do candidato ideal de uma terceira via para enfrentar Bolsonaro e Lula, ela desconversa. O importante, pondera, é que seja alguém que, numa escala de 1 a 10,valha mais que dois, pois Lula e Bolsonaro são farinha do mesmo saco.
Veja a seguir principais trechos da entrevista:
Como o Vem Pra Rua avalia o atual quadro político do país?
R: Tivemos mais um Governo perdido. Promessas de campanha não cumpridas, reformas estruturais que não aconteceram, todo o desmonte de combate a corrupção que aconteceu nessa gestão, o fim da lava jato, a péssima gestão da pandemia que resultou em mais de 500 mil brasileiros mortos, os escândalos de corrupção na aquisição de vacinas no Ministério da Saúde sendo relatados na CPI da COVID, a LDO aprovada as pressas, com previsão de quase 6 bilhões de reais de Fundão Eleitoral, com apoio da base de governo, em plena crise econômica pela qual passa o país, orçamentos secretos sendo distribuídos a parlamentares, enfim, uma série de acontecimentos que nos dão a percepção que regredimos mais de 20 anos.
Há Clima para impeachment?
Claro. As Instituições estão aparelhadas e agravadas por sérias e constantes ameaças a Democracia pelo próprio Presidente da República. Importante ainda mencionar os crimes de responsabilidade nos quais Bolsonaro reiteradamente incide, que já resultaram em mais de 120 pedidos de impeachment, entre eles o próprio pedido do Vem Pra Rua. A situação é grave e exige da população e das Instituições ainda preservadas atenção máxima.
O Vem Pra Rua tem algum representante no Congresso Nacional, a exemplo do MBL?
Não. O Vem Pra Rua é um movimento suprapartidário e, até o momento, não apoiou qualquer candidato ou apoia mandatários em qualquer esfera legislativa.
Há um projeto para que o Vem Pra Rua se transforme em Partido Político?
O movimento não cogitou qualquer mudança nessa direção. O Vem Pra Rua é um movimento formado por cidadãos indignados com a política, voluntários e militantes, que atuam em defesa do combate a corrupção, em defesa da democracia, da liberdade, dos valores Republicanos. Não há projeto para que se transforme em Partido Político.
Que linhas políticas são antagônicas à ideologia do Vem Pra Rua?
Qualquer uma que atente contra as liberdades individuais, que atente contra democracia ao defender ou propor regimes ditatoriais, totalitários, que dificulte a liberdade econômica, com aumentos abusivos dos tributos, burocracia, provocando o atraso e estagnação do país ou mesmo ideologias que defendam aumento do Poder do Estado sobre o cidadão.
O Vem Pra Rua e o MBL se completam ou seguem rumos diferentes?
Ambos os movimentos convergem em muitas pautas, são alinhados em defesa de muitos valores. Avaliamos cada ação ou contexto político separadamente e atuamos juntos naquilo que convergimos, de forma solidária e cooperativa, como por exemplo, o impeachment de Bolsonaro.
Como o Vem Pra Rua vê até agora a polarização Lula/Bolsonaro na disputa pelo Planalto?
Vivemos um imenso retrocesso. Lula e a gestão Lula/petismo provocaram estragos imensos ao país e com Bolsonaro não está sendo diferente. Essa polarização só interessa a eles próprios, que dividem o país nos extremos, se fortalecem mutuamente, cada qual se apresentando como salvação ao outro e ambos são muito nocivos. Precisamos escapar dessa armadilha. A população deve ficar atenta a outras lideranças, que não seja nem Lula, nem Bolsonaro.
Qual o perfil ideal de um candidato, na opinião do Vem Pra Rua?
Sobretudo um candidato comprometido com valores democráticos e republicanos, e ofereça um projeto consistente para a Nação, seja pelas reformas estruturais, seja no resgate do combate a corrupção, fortalecendo as instituições, a separação dos Poderes, que pacifique a Nação e governe para todos, como um verdadeiro Chefe de Estado.
Numa avaliação de 1 a 10 (considerando que 1 é menos e 10 é mais) que números o Vem Pra Rua daria a Lula, Bolsonaro, João Doria, Sergio Moro, Eduardo Leite, Ciro Gomes, Tasso Jeressaiti e Luiz Henrique Mandetta?
Essa pergunta é interessante, mas ela é muito pessoal. Estou certa de que se consultarmos todas as lideranças do Vem Pra Rua, cada qual atribuirá uma nota diferente a cada um desses citados. A minha opinião não reflete a opinião do movimento como um todo, mas me arrisco em dizer que todos concordam num ponto: Lula e Bolsonaro valem 1!
Como é chamar o povo para as ruas (setembro vem aí) quando a pandemia ainda persiste e novas variantes do vírus surgem a cada instante? Não parece ser um contrassenso?
O Vem Pra Rua avaliou essa questão com cautela e prioridade. A manifestação ocorrerá apenas na cidade de São Paulo e Rio de Janeiro, cujo calendário de vacinação prevê que mais de 50% da população adulta já tenha tomado a segunda dose da vacina, e 100% pelo menos a primeira dose. Portanto, consideramos que em Setembro há margem segura para a manifestação acontecer, recomendando o protocolo de segurança: uso de máscara, álcool em gel, distanciamento social.
Nas últimas manifestações ficou evidente a representação de partidos políticos, centrais sindicais e outros movimentos que sempre se alinharam politicamente com o ex-presidente Lula. Qual a estratégia que o Vem Pra Rua irá adotar de maneira que os protestos não se confundam com uma campanha em favor de Lula?
Movimentos de esquerda e de apoio a Lula possuem um calendário próprio de manifestações e representam uma parcela da população alinhada com estes valores. O Vem Pra Rua representa outra parcela da população, mais ao centro, centro direita, que não se sente representada pela esquerda, mas que também está insatisfeita com o Governo Bolsonaro. É importante frisar que o lema do Vem Pra Rua não é pela volta de Lula, pelo contrário. O mote do movimento é Eles Não! Nem Lula, nem Bolsonaro! O Vem Pra Rua tem sido bastante enfático quanto a isso em suas redes sociais, mas não podemos impedir que todo cidadão que apoie o impeachment de Bolsonaro participe de todas as manifestações, sempre de forma pacífica e democrática.