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Lula limpa esbulho de seis anos para o povo voltar à pirâmide

Brasília - 28/06/2023 O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os ministros do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, e da Secom, Paulo Pimenta, visitam feira da Agricultura Familiar na Praça dos Três Poderes após anùncio do Plano Safra da Agricultura Familiar 2023/2024 Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva começa a corrigir o esbulho que cresceu ao longo dos últimos seis anos no Brasil. Foram dois de Michel Temer e quatro de Jair Bolsonaro, que deixaram o país escamoteado. Os sanguessugas transitavam livremente pelos três poderes da República. Temer e seu sucessor agora inelegível pelos próximos oito anos, desejavam cada vez mais poder, mesmo que compartilhado. E incrementaram o famigerado é dando que se recebe. Para repor o país-continente nos trilhos, o petista sabe que o trabalho será árduo, mas vai colocando tudo de volta no caminho certo.

É uma – popularmente falando – herança maldita que Lula recebeu e terá de superar. Para isso ele conta com homens da mais alta confiança, embora outros nem tanto assim. As peças que ele tinha no tabuleiro do xadrez políticos foram distribuídas pela Esplanada dos Ministérios e grades empresas públicas. Mas, como grande enxadrista do jogo político, título que recebeu após suas duas primeiras passagens pelo Palácio do Planalto, separou alguns peões que podem tranquilamente devorar bispos, torres e cavalos que eventualmente queiram conturbar o jogo.

Já na transição, sabia o presidente que de ruim, viria muito pela frente. A má prestação dos serviços públicos, com o consequentemente mal funcionamento da administração da máquina pública, é um fato, não uma narrativa. Em seis anos foram tomadas decisões sem solução. Algo totalmente sem cabimento que que deixou a sensação de corrupção como pretexto para resolver questões que envolvem as vidas e o bem estar do povo brasileiro.

As falhas pipocaram em vários poderes. Um dos exemplos foi no STF, ao aceitar que a gasolina não seja considerado item essencial, mesmo sabendo que se trata de uma fonte energética; do Congresso Nacional, conivente com vendas do patrimônio público; do TCU, dando aval para a venda do bem público, como quem autoriza ao filho pródigo a desfazer-se do seu bem e do que se tem de herança. Os erros viraram uma montanha no próprio Palácio do Planalto, onde fez-se a festa com o dinheiro público via venda do patrimônio para enriquecimento de terceiros, que com certeza iriam depois vender mais caro para os brasileiros os serviços e produtos que deveriam ser prestados pelo governo a um custo muito mais barato.

Por fim, há o Ministério Público, que na escuridão, viu tudo o que acontecia sem sequer se pronunciar sobre o assunto e defender os interesses da sociedade.

Na Receita Federal, atuou-se, com uma estrutura avançada, para oprimir e cobrar, com mão de ferro, com o objetivo de arrecadar dinheiro do povo sem nada oferecer em troca. A ordem era encher o Erário e esvaziar o bolso do trabalhador e o caixa do setor produtivo.

O povo, porém, cansado, descobriu que não deveria carregar nas costas projetos de um meio governo e um governo inteiro ambiciosos que ficaram obesos com o seu dinheiro, suado e tão caro, tributado em múltiplas vezes.

Foram dois períodos com presidentes diferentes mas a mesma fantasia. Seis anos em que elaboravam-se projetos para aumentar a arrecadação e não criavam saídas inteligentes para transformar um Brasil independente econômica e financeiramente. Criavam, sim, atos em desfavor do cidadão, como por exemplo vender patrimônio para enriquecimento de terceiros e, como consequência, ficar mais dependente de tributação, assim como, aumentando a exploração financeira de forma gradativa, deixando o povo cada vez mais pobre, já que, além dos tributos, isso iria gerar aumento do serviço e do produto privatizado. Foi o que aconteceu com o combustível, gás, eletricidade…

E depois reclamam porque o país não cresce, porque somos Terceiro Mundo, porque temos um crescente número de pessoas morando na rua, engrossando cada vez mais as filas do desemprego. Angustiado, o brasileiro deixou de gerar não apenas riquezas, mas também filhos (como demonstra o último Censo do IBGE) por entender que mais uma boca para alimentar é sinônimo de mais sacrifício no bolso, já vazio. diante de um custo de vida extremamente elevado.

E toda essa lógica absurda vinha das pessoas no comando. Hoje não é culpa do concreto chamado de STF, Congresso Nacional, TCU, Palácio do Planalto, Ministério Público etc para ir lá e quebrar tudo. Essas decisões são exclusivas de pessoas que sonhavam em ser eternizadas no poder. O mesmo grupo que, agora cassado, inelegível, já vem planejando voltar amanhã. Mas é um sonho quem nem Tom Cruise tornaria realidade. É missão impossível.

Por saber de todo esse quadro, Lula prepara-se para responder a uma pergunta que ecoa em milhões de mentes brasileiras: por que o Estado não paga as suas próprias despesas e custas. Por que o Estado é programado para explorar o brasileiro e os governantes engessaram o país nessa sistemática para dificultar essa possibilidade de se autofinanciar, como por exemplo com a nossa tão cobiçada Petrobrás, que poderia ser um dos itens para custear as despesas da máquina pública, mas preferem tirar dinheiro da Previdência Social ou criar mais taxas, contribuições com a máscara de impostos. Foram supostas soluções emanadas em seis anos que viraram sinônimo de estupidez.

Por conta desses desmandos, os brasileiros não têm uma boa aposentadoria, porque por anos os governantes sugaram recursos dos trabalhadores; não bastasse isso, aumentam os anos para aposentar e ainda diminuíram o valor da aposentadoria. Soluções criativas? Absolutamente não. Mero descaso, sim, que deixaram o Brasil à beira do precipício. Uma vez que toda tomada de decisão contraria a lógica, tem uma consequência péssima lá no futuro.

Em conversas informais – com vazamentos bem direcionados – Lula tem dito que aos que querem ser parte do governo, devem saber administrar o bem público. Quem pensar diferente, será engolido por outras peças e retirado do tabuleiro de xadrez. Não cabe vender o patrimônio brasileiro. O ideal seria resgatar o que foi mal vendido. O governo não é imobiliária para ficar vendendo os bens da sociedade brasileira. É hora de voltar aos tempos em que as riquezas pertenciam ao povo. E povo feliz é aquele que tem casa, educação, saúde, segurança… Chega, portanto, de empoderar a iniciativa privada com a venda do capital público.

O comércio míngua, micros, pequenas e médias empresas caminham em direção à UTI da economia. Tudo isso fruto de erros sucessivos praticados nos últimos seis anos.

O neoliberalismo precisa ser decapitado, sem prejuízo de um modelo capitalista decente. É isso que se pratica em grandes democracias. Manobras que só oneram, não levam a nada, salvo o fechamento de empresas e a retração de empregos. A iniciativa privada precisa e deve ser empoderada, mas não às custas do povo.

Conhecedor disso, o presidente vai implantando as mudanças. Ao primeiro sinal de um sanguessuga remanescente, a cabeça será cortada. Religioso, ele sabe que Deus está acima de tudo. Mas também entende que lá no topo, aos lados esquerdo e direito d’Dele, há espaço para o povo. Até porque, se Deus – brasileiro que é, dizem – criou o homem à sua imagem e semelhança, não pode pensar diferente de Lula.

*Advogado, com licenciatura em Letras, MBA em gestão de finanças e recursos humanos, membro de diferentes Comissões da OAB.

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