A Europa pode estar em guerra, ter dúvidas sobre o acordo com o Mercosul e não simpatizar com Nicolás Maduro, mas lá pelo menos não existe nenhum Arthur Lira ou Campos Neto. O que significa que, quando o assunto são relações internacionais, Lula flutua com desenvoltura pelos salões diplomáticos.
Seguro e respeitado, o presidente enfrentou com tranquilidade a primeira lista de questões da sua agenda internacional. Na reunião de cúpula entre a União Europeia e a Celac, Lula assumiu o papel de protagonista e líder da América Latina, o que foi fundamental para que o continente se impusesse na relação com os europeus e determinasse a pauta e os resultados do encontro.
A ação brasileira garantiu que não houvesse nenhuma manifestação oficial de repreensão à Venezuela, abrindo ainda o canal de diálogo entre Maduro e a oposição para as próximas eleições no país. O Brasil também driblou a espinhosa questão do conflito na Ucrânia e evitou ainda que a Rússia fosse condenada no documento final.
Na questão ambiental, os estragos causados pela ‘passagem da boiada’ de Bolsonaro e Ricardo Salles ainda impedem a finalização do acordo entre a UE e o Mercosul, mas Lula arrancou alguns recursos a mais dos países nórdicos e preparou terreno para a Cúpula de Belém, onde o país se prepara para ser o protagonista global na questão ambiental.
Para fechar a conta com barba, cabelo e bigode, Lula ainda largou um ‘senta lá, Claudia’ para o jovem chefe do governo chileno Gabriel Boric e arrancou elogios do presidente francês Emmanuel Macron.