Apesar da herança maldita deixada pelo mito e messias Jair Bolsonaro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai ultrapassar os primeiros 100 dias de governo com saldo positivo. Criado nas redes sociais, o fantasma do bolsonarismo atormentou milhões de brasileiros, arquitetou um fracassado golpe e quase levou o país para um buraco sem fim. Como legado, deixou para ser resolvida uma crise institucional e social do tamanho do país. As armadilhas deixadas por Bolsonaro na web precisam ser desarmadas, sob pena de os fanáticos seguidores do ex-mandatário se apossarem de caminhos enlameados, vulneráveis e extremamente perigosos.
De acordo com a Bites, uma empresa de análise de dados, o governo Lula definiu o Twitter como a principal plataforma de comunicação digital nestes primeiros 100 dias de administração. Conforme os números, do total de posts produzidos pelos protagonistas do governo nos seus perfis oficiais, 53% foram publicados no Twitter, 26% no Instagram e 21% no Facebook. Na análise, os técnicos da Bites avaliam que essa decisão reduziu a capacidade do presidente, da primeira-dama e dos colaboradores de ampliar suas mensagens mais importantes.
Isto porque o Twitter tem apenas 20 milhões de usuários no Brasil, contra 151,4 milhões do Facebook e 122,6 milhões do Instagram. Já identificada pelos aliados de Lula, a ausência de uma estratégia digital mais estruturada ficou evidente na resposta da audiência ao que o presidente publicou desde a posse, em 1º de janeiro. Das 116 milhões de interações dos seguidores (comentários, curtidas, compartilhamentos e retuítes), 91 milhões (78%) ocorreram no Instagram.
Segundo o levantamento da Bites, o ministro Paulo Pimenta, chefe da Secretaria de Comunicação Social, foi o que mais produziu conteúdo em suas redes sociais. Foram 2.946 posts, sendo 54% no Twitter. Lula fez 1.644 publicações (61% de tweets) e o ministro da Justiça, Flávio Dino 1.037 posts (60%) de tweets). No campo das interações, o presidente alcançou 116,7 milhões. A segunda colocação ficou com a primeira-dama Janja Lula da Silva, que chegou a 13,4 milhões, superando todos os ministros e registrando o dobro de Flávio Dino, o terceiro nesse ranking.
Para os técnicos da Bites, na falta de uma estratégia digital, o governo ficou mais dependente da cobertura da mídia clássica, que publicou 1,8 milhão de reportagens em sites, veículos impressos, rádios e emissoras de TV. Entretanto, a agenda de Luiz Inácio acabou atrás de temas como o 8 de janeiro e a polarização com Jair Bolsonaro. Assunto de interesse macro, o debate da taxa de juros apareceu em apenas 11% das publicações.