Na noite iluminada da segunda-feira, 24, um evento de magnitude bíblica sacudiu os alicerces da economia brasileira. O governo Lula 3, com sua notável capacidade de solucionar problemas na velocidade da luz, anunciou um pacote de R$ 4 bilhões para acabar com a inflação dos alimentos. Sim, acabar. Erradicá-la. Aniquilá-la. Se fosse um plano contra a fome no mundo, estaríamos diante de um novo milagre da multiplicação dos pães e dos peixes. Mas, calma, não se precipite!
A lógica é simples: despeja-se uma quantia volumosa de dinheiro no agronegócio e, em um passe de mágica, feijão, arroz, milho e trigo brotarão da terra como cogumelos depois da chuva. Nada mais justo. Afinal, plantar nunca foi tão rápido!
O feijão, por exemplo, leva até 100 dias do plantio à colheita. Mas, com essa injeção financeira, talvez brote amanhã cedo, antes mesmo do pãozinho do café da manhã. O arroz, que tradicionalmente leva cinco meses para ficar pronto, certamente entenderá a urgência da situação e dará um jeito de se antecipar. O milho, coitado, que precisa de quatro meses para amadurecer, deve estar se revirando na lavoura para acelerar o processo. Já o trigo, que exige paciência de seis meses, deve estar se sentindo pressionado com esse prazo apertado.
E os ovos? Bem, galinhas só começam a botar a partir do quinto mês de vida. Mas quem disse que a biologia não pode ser convencida por um subsídio robusto? As vacas, essas ingratas, só produzem leite na idade adulta, por volta dos dois anos. Porém, com uma boa dose de incentivo estatal, talvez até as bezerras entrem na brincadeira.
Agora, se formos falar de café e picanha, a situação se complica. O café, esse rebelde sem causa, demora anos para produzir. E a picanha? Bem, enquanto não inventam bois de ciclo acelerado, o jeito é esperar e torcer para que o churrasco do fim de semana não sofra tanto com os preços.
Contudo, sejamos otimistas. Se a Medida Provisória realmente tiver poderes sobre-humanos, talvez amanhã pela manhã já encontremos supermercados abarrotados de comida barata. Enquanto isso, os brasileiros seguem firmes, aguardando ansiosamente o resultado desse plano visionário, armados de carrinhos de compras e fé inabalável no milagre econômico instantâneo.
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Dora Andrade é Editora de Business de Notibras