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Lula recorre à Fé dos evangélicos para tentar salvar a sua imagem

O governo Lula, em sua eterna dança com as palavras, parece ter encontrado uma nova musa para dar seus passos comunicativos: a fé. Não aquela fé que brota da alma e consola corações aflitos, mas a fé estrategicamente aprovada com o marketing político, pronta para seduzir um público que, então até, orbitava em outra esfera ideológica.

O alvo? Os evangélicos, grupo que, por força de suas convicções e alinhamentos recentes, tornaram-se um aparente bastião bolsonarista. A narrativa, bem costurada e entremeada de símbolos religiosos, mira naquilo que move multidões: Jesus, agora usado para o milagre da ressureição da imagem cada vez pior do presidente da República.

As novas peças publicitárias – repletas de tons cálidos, sorrisos largos e frases cuidadosamente escolhidas – evocam o sentimento de pertencimento e unidade. A palavra “fé” brilha como um farol, iluminando promessas de um futuro melhor e clamando por reconciliação. Mas seria a fé, no caso em questão, uma ponte sincera ou apenas uma isca dourada lançada com precisão política?

Os estrategistas do Planalto certamente sabem que não se trata apenas de convencer. Trata-se de desarmar desconfianças, suavizar antagonismos e, quem sabe, plantar sementes em terrenos antes considerados inférteis. É um movimento ousado, quase como uma missão que prega para uma congregação cética.

Há, no entanto, algo de irônico na tentativa. A fé, que por definição é inegociável e transcendente, agora se vê convocada a servir como ferramenta de persuasão política. Os fiéis, atentos, questionam: qual é o verdadeiro altar desse discurso? Seria a pátria, o povo ou apenas a vitória nas urnas nas eleições de 2026?

A estratégia de Lula talvez funcione, mas há muita controvérsia nesse sentido. O que permanece, ao fim, é a certeza de que, em tempos de polarização, até os mais sagrados sentimentos podem ser convocados para a arena pública. E no Brasil, onde o sagrado e o profano dançam de mãos dadas, o que se verá é se o povo acreditará mais na fé pregada da boca pra fora ou em quem tem a Fé no Cristo Salvador, como disseminam os evangélicos.

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Marta Nobre é Editora-Executiva de Notibras

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