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Destino traçado

Lula vai escapar depois do cara a cara com Moro?

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Cláudio Coletti

Na quarta-feira dia 10 de maio, às 14 horas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o juiz federal Sérgio Moro se encontram, pela primeira vez, no segundo andar do prédio da Justiça Federal, em Curitiba. Lula, como réu, será interrogado num processo em que é acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

O Ministério Público Federal sustenta que Lula recebeu R$ 3,7 milhões, em forma de propina, em troca de contratos milionários na Petrobras. Uma das acusações envolve o apartamento tríplex no Guarujá, no litoral paulista. A outra denúncia é que a OAS custeou as despesas do armazenamento de bens do ex-presidente entre 2006 e 2012.

Essa audiência de quarta-feira será transformada num grande acontecimento político nacional, com transmissão ao vivo e a cores, pelas emissoras de televisão para todo país. O PT convocou sua militância para uma manifestação, em Curitiba, na hora do interrogatório de Lula. Isso colocou em alerta o governo federal, que manterá em estado de prontidão seus serviços de segurança na capital paranaense.

Corda no pescoço – Foram demolidores para o futuro político do ex-presidente Lula os recentes depoimentos de Léo Pinheiro, presidente da Construtora OAS, e do ex-ministro Antônio Palocci, além das delações premiadas de executivos da Odebrecht.

Léo Pinheiro garantiu ao juiz Sergio Moro, na semana passada, que o tríplex no condomínio Solares, no Guarujá, pertenciam à família de Lula. A ex-primeira dama Marisa Leticia, falecida em fevereiro, chegou a lhe pedir, inclusive, a antecipação da entrega das chaves para passar o réveillon de 2014 no litoral paulista. O construtor afirmou que levou Lula, juntamente com sua esposa, para conhecer o tríplex. Acertou com o casal algumas mudanças na estrutura do apartamento, que foram executadas.

Léo Pinheiro revelou também ao juiz Sergio Moro que o ex-presidente Lula lhe pediu para dar um sumiço nos documentos que poderiam comprovar a entrega de propinas da OAS ao PT. O empresário está preso na carceragem da Polícia Federal, em Curitiba, desde dezembro de 2016. Está condenado a 26 anos e 4 meses de reclusão por corrupção ativa, lavagem de dinheiro e organização criminosa no esquema de corrupção da Petrobras. Ele está tentando fazer um acordo de delação premiada para obter uma redução em sua pena.

Lula nega ter recebido favores da OAS e que está “ansioso” para realizar esse depoimento “porque é a primeira oportunidade que vai ter de poder saber qual é a prova que eles têm contra mim”.

Palocci, gota d’água – O que está também preocupando os caciques do PT e o próprio Lula é a possibilidade de Antônio Palocci virar delator nos processos da Lava-Jato. Ele foi um poderoso ministro da Fazenda nos governos Lula e Dilma Rousseff. Está preso desde setembro do ano passado, na carceragem da Polícia Federal, em Curitiba, por decisão do Juiz Sergio Moro. Está também com seus bens bloqueados no valor de R$ 128 milhões.

Na semana passada, em depoimento a Sergio Moro, declarou sua disposição de revelar nomes e informações de interesse da Lava-jato. “Apresentarei todos os fatos com nomes, endereços e operações realizadas. Posso dar mais um ano de trabalho para Lava-Jato”.
Foi um claro sinal de que Antônio Palocci está negociando um acordo de delação premiada, para minimizar as punições que, certamente, sofrerá.

Há uma avaliação nos meios políticos de que o Juiz Sergio Moro está próximo de determinar a prisão do ex-presidente Lula. Com tempo suficiente para essa decisão ser confirmada em segunda instância e, assim, impedir a candidatura dele à presidência da República em 2018, com base na Lei da Ficha Limpa.

Há também um grande temor entre o empresariado nacional de que uma delação de Antônio Palocci possa provocar a extensão das ações da Lava-Jato para o sistema financeiro nacional. É público que os bancos foram e são fortes financiadores de campanhas eleitorais.

Mais maracutaias – A imagem de Lula sofreu também um significativo desgaste com as delações de executivos da Odebrecht. Acusações poderosíssimas envolveram seu nome em maracutaias diversas, todas elas também com potencial de inviabilizar suas pretensões de participar da corrida presidencial que se avizinha.

O ministro Edson Fachin, relator das ações da Lava-Jato no Supremo Tribunal, mandou, inclusive, abrir inquéritos para ver até que ponto chegam as interferências de Lula.

Lula foi acusado pelo Ministério Público de obstrução à justiça, porque teria tentado impedir que o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró fizesse um acordo de delação premiada. O Juiz Ricardo Leite, da 10ª Vara da Justiça Federal de Brasília, aceitou a denúncia. Lula passou a ser réu ao lado de ex-senador Delcidio Amaral e do banqueiro André Esteves.

Num outro processo que envolve supostos benefícios pagos a Lula pela Odebrecht, os advogados de Lula arrolaram 87 testemunhas de defesa. O Juiz Sergio Moro aceitou essas indicações, mas exigiu que Lula esteja presente a todas as audiências.

Ao lado do filho Claudio Lula da Silva, o ex-presidente foi denunciado pelo Ministério Público em Brasília pelos crimes de tráfico de influência, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Ele é acusado de beneficiar empresas junto ao governo, e em troca seu filho teria recebido R$ 2,5 milhões.

Lula tornou-se réu pela quinta vez após o Juiz Sérgio Moro aceitar mais uma denúncia do Ministério Público, que o acusa de receber propina da Odebrecht por meio da compra de um apartamento em São Bernardo do Campo e de um terreno avaliado em R$ 12,5 milhões que seria usado para a construção da sede do Instituto Lula.

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