As últimas atitudes e declarações do ex-presidente Lula indicam que ele está aguardando o momento certo para se descolar da presidente Dilma Rousseff. Ele não abre mão de tentar o seu retorno ao Palácio do Planalto nas eleições de 2018. Está também convicto de que sua protegida Dilma não conseguirá, a curto e médio prazos, sair do atoleiro em que chafurdou.
O país está mergulhado no caos. Inflação próxima de 10%, juros nas alturas e desemprego aumentando a cada mês. Sem a credibilidade da presidente, o futuro fica mais incerto. Daí Lula pretender ficar longe do governo que ele inventou. Continuar ao lado dele, sua derrota presidencial seria inevitável.
Com a vaca indo para o brejo, com corda e tudo, Lula passou também a fustigar o PT, partido que fundou há 35 anos. “A gente acreditava em sonhos. Hoje, a gente só pensa em cargo, em emprego”- disse Lula. Afirmou que o partido “perdeu a utopia, o PT está velho. Estou com 69 anos. Já estou cansado, estou falando as mesmas coisas que falava em 1980”.
Destacou que ele e Dilma já estão “no volume morto” e que o PT está abaixo do “volume morto”. A presidente Dilma ficou irritada com as críticas de Lula. “Todo mundo tem direito de criticar”. As declarações lacônicas da presidente só confirmam as dificuldades de entendimento entre o “criador” e a “criatura”.
Para a oposição, Lula procura jogar a carga representada por Dilma em alto mar. “Mas isso ele não conseguirá fazer, já que é o seu maior responsável”- afirmou o senador José Agripino, presidente do DEM. Lula tenta repetir a estratégia que usou lá atrás para se afastar do então poderoso Jose Dirceu, responsável pela quadrilha do mensalão”. Alegou nada ter a ver com ele.
Cláudio Coletti