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Lula vive entre flores e espinhos, e precisa pacificar sua base

Nem mesmo o mais otimista apoiador do Governo poderia imaginar que o simples anúncio do arcabouço fiscal, uma vez que o envio oficial do anteprojeto de lei foi adiado, resultaria em significante clima de otimismo no mercado financeiro. Bons ventos insuflados pela celebração de diversos acordos comerciais com a China, principalmente nas áreas tecnológicas, ambientais e do agronegócio.

Outro ponto importante a ser destacado foi a queda do dólar, e apesar da avaliação de diversos economistas apontarem as movimentações no país norte americano como grande causador da redução do preço daquela moeda no Brasil, pela primeira vez desde junho do ano passado o dólar ficou abaixo de 5 reais.

Esses dois aspectos por si só já são bastante relevantes e merecem atenção em toda e qualquer análise política, e se levarmos em conta a forma como essas informações serão tratadas e praticadas pelo Presidente Lula, teremos a certeza de que não poderia ter vindo em melhor hora.

Explico: a base do Governo no Congresso Nacional ainda não está formada, carecendo de alguns ajustes e principalmente de solidez, a ser dada somente com a sinalização que o Governo acerta na condução do país. Enquanto isso, o Governo Federal coleta vitórias e derrotas no campo político interno.

No campo das vitórias podemos colocar as audiências em que o Ministro da Justiça Flávio Dino vem participando na Câmara dos Deputados, onde tem recebido elogios de Deputados experientes da oposição; a recente decisão de rever a Reforma do Ensino Médio, no qual o Governo conseguiu atender a sua militância e não pôs mais obstáculos para formação de sua base aliada; e por fim as decisões de fortalecimento das vacinações propagandeadas pelo Ministério da Saúde, entre alguns outros fatores.

Entretanto, o Governo Lula desde o seu primeiro mandato não vive só de flores. Costuma sempre vir acompanhado de diversos espinhos e o mais afiado tem sido a postura do MST com o seu anúncio de invasão de terras em todo o país. E esse estrago gigantesco já provocou o quórum necessário para instalação de uma CPI no Congresso Nacional, o que em um início do Governo é umas das piores notícias. De nada adiantou declarações de autoridades do Governo anunciando que o Planalto coibirá tal fato.

O Presidente Lula retornou no domingo a noite para o país. Antes fez uma escala nos Emirados Árabes, de onde trouxe na bagagem mais acordos comerciais, em especial na área agrícola e de energia renovável. Seu maior desafio será equilibrar entre flores e espinhos para se capitalizar em cima de setores industriais, órfãos desde meados do
Governo Bolsonaro, com o dólar caindo, facilitando a importação de insumos e equipamentos para enfim darem início a chamada “reindustrialização”. Por outro lado, terá a árdua missão de pôr panos quentes nas fervuras do Congresso para que enfim a pauta do Governo no Legislativo comece efetivamente a caminhar.

Tema que voltamos a comentar no papo da semana que vem. Um grande abraço a todos!

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