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Lula volta sorridente e com força para enfrentar seus adversários

Paris - 23/06/2023 - .O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante encontro com o presidente da França, Emmanuel Macron, em París. Foto: Ricardo Stuckert/ PR

A semana que findou foi boa para o governo, com sinais positivos na economia, aumento da popularidade do presidente, adversários com problemas e vitórias no Congresso. Mas ainda é cedo para comemorar.

Lula esteve na Europa à vontade e com um sorriso no rosto. Não por menos, já que as notícias boas não param de chegar: a economia vai se recuperando, o Brasil virou o principal destino dos investimentos estrangeiros e tudo isso só fez aumentar a popularidade do presidente, inclusive entre os ex-eleitores de Bolsonaro, segundo a pesquisa Genial/Quaest.

Mas não é só o alívio na economia que anima. No Senado, Lula emplacou Cristiano Zanin no STF, uma candidatura da qual sempre foi o único defensor. E na opinião pública, lulistas e até bolsonaristas concordam que o governo não deve ceder às chantagens de Arthur Lira. É por isso também que Lula sorri. Afinal, o coronel alagoano começou a sentir o peso da fama depois que a Polícia Federal passou a investigar esquemas que envolvem seus aliados e encontrou mensagens que podem comprometê-lo, além da acusação por sua ex-mulher de violência sexual.

Isso deu espaço para Lula recuperar a iniciativa, vetando parte das mudanças que o Congresso fez na organização dos ministérios, devolvendo os serviços de Inteligência para a Casa Civil e recuperando um pouco o desidratado ministério coordenado por Marina Silva. Por via das dúvidas, para evitar qualquer retaliação de Lira, Lula liberou R$ 1 bilhão em emendas antes de viajar.

O mais provável, daqui para frente, é que prevaleça o clima de moderação que parece ser o novo consenso político depois de uma década de solavancos, ainda mais agora com sinais de melhoras, mesmo que tímidas, da economia. Os ânimos só prometem continuar exaltados mesmo é nas CPIs do 8 de janeiro e do MST, mas nesse caso Lula não hesitará em apertar as mãos de líderes da direita, como fez na Europa, quando necessário. Assim, sem poder ignorar o peso dos 347 parlamentares da bancada ruralista – até ontem bolsonaristas de carteirinha – o presidente deve aproveitar o lançamento do Plano Safra para fazer um afago ao agronegócio.

Lula também pode sorrir porque tirou o país definitivamente do ostracismo internacional e conseguiu colocar em pauta sua própria agenda na viagem à Europa: combate à pobreza, preservação ambiental, e distanciamento em relação aos Estados Unidos. A viagem também foi importante para tentar destravar o acordo Mercosul-União Europeia, buscando ampliação do comércio e aumento de investimentos no Brasil.

Isso tudo reflete também a preocupação do governo em garantir que a economia não tenha um voo de galinha, agora que os ventos parecem mais favoráveis. Internamente, o governo faz sua parte impulsionando a demanda ao estimular a indústria automotiva e incentivar a construção civil com a ampliação do programa Minha Casa Minha Vida.

Mas a coisa complica quando as medidas dependem de terceiros, como o Banco Central, que mais uma vez manteve intacta a taxa de juros, contrariando as expectativas até do seu melhor amigo, o mercado. A solução deve ser uma nova ofensiva de Lula para dobrar a teimosia de Campos Neto, agora com mais apoios e aliados do que antes.

Enquanto isso, no Congresso, os projetos do governo têm avançado, ainda que rendam meses de DR e o risco da deformação no caminho. A boa vontade do Senado garantiu não só a aprovação do novo arcabouço fiscal, como o fez em condições melhores do que as aprovadas pela Câmara. Mas, ainda haverá um segundo round na Câmara, e o governo precisa também acelerar a tramitação da reforma tributária se quiser que o arcabouço fiscal fique de pé.

É que sem o aumento de receitas que Haddad espera vir da reforma tributária, a única solução possível seria o simples e impopular aumento de tributos a partir de agosto, medida que nem o governo nem o Congresso estariam dispostos a bancar.

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