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Luz Del Fuego e suas festas exóticas na badalada Ilha do Sol, coladinha em Paquetá

José Escarlate

Havia no Rio, desde 1954, a badalada ilha do Sol, na Baía de Guanabara, perto de Paquetá, onde vivia Dora Vivacqua, a conhecida Luz Del Fuego. Irmã do então senador capixaba Atílio Vivacqua, Luz Del Fuego estudou na Europa e, de volta ao país, provoca a revolução nos costumes. Fundou ali o primeiro Clube Naturalista do Brasil.

Seu maior problema era controlar os atrevidos que passeavam ao redor da ilha para ver as pessoas nuas. Ninguém podia se aproximar sem autorização. Era perigoso. Corriam o risco até de levar tiro. Luz não permitia que os empregados usassem armas, mas, por cautela, seu trinta-e-oito estava sempre à mão.

Na ilha era realizada, vez por outra, a “Festa do Cabide”. Fiscalizada por Luz e sua equipe, a festa era alegre, mas tinha normas rígidas. À chegada, ainda no cais, o convidado deixava toda a sua roupa. Era proibido levar bebidas alcoólicas, falar palavrão e lança perfume ou praticar sexo na colônia. Durante as festas os guardas distinguiam-se dos foliões apenas pelo quepe. Da mesma forma, os garçons eram identificados pela gravatinha-borboleta. Apinhada de gente, a ilha do Sol realizava, durante o ano, várias festividades. A finalidade era a de angariar fundos para melhorias do clube. Os convites eram vendidos também a não-sócios. Com isso, as festas bombavam.

Ela conversava muito com todos e fazia questão de explicar a diferença de naturalismo e libertinagem. ”Se querem farra e sexo fiquem em seus apartamentos de Copacabana” – dizia Luz. As atividades ali eram curtir a natureza, nadar, tomar banho de sol e jogos de vôlei e de salão.

Mas o “quente” da Ilha do Sol eram os bailes de carnaval, sempre atrativos. Bem organizados, à chegada o convidado recebia um cabide numerado para as roupas e uma plaquinha, com o número correspondente, para usar no pescoço. O único adereço permitido era a máscara. No Clube Naturalista imperava um mandamento sagrado: “Nudez total”.

Luz Del Fuego e seu caseiro diziam que era impossível controlar tudo. Apesar do esquema de segurança que havia sido montado, e que até então funcionara bem, eles foram assassinados por dois pescadores assaltantes, em 1967. Uma história nebulosa, sendo que, à época, foram levantadas suspeitas da cumplicidade de agentes da ditadura militar, para a retomada da ilha.

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