Não sei se isso acontece com você, mas eu não entendo bulhufas de carro. No entanto, a minha mulher, a Dona Irene, pode ficar horas falando sobre esse ou aquele modelo de automóvel, além de explicar sobre como é o funcionamento disso e daquilo. E, de tanto escutar essa especialista em veículos, acabei me convencendo de que ela é mesmo boa nisso, já que, em terra de cego, quem tem um olho é rei ou, como no caso da minha amada, rainha.
Pois bem, lá estávamos nós retornando da nossa antiga fazenda, vencendo os quase 24 quilômetros de estrada de terra na nossa saudosa camionete chamada Manoelito, quando nos deparamos com um veículo parado no sentido oposto. O carro estava cheio de gente, enquanto o motorista, desesperado, pediu socorro justamente para mim, que, como escrevi acima, sou um completo ignorante no quesito mecânica.
Parei o Manoelito, e o sujeito chegou bem perto e me falou o problema que estava acontecendo: uma luz no painel estava piscando. Eu disse algo para o cara, depois pedi para a Dona Irene dar uma olhada no automóvel parado. Ela desceu da camionete e foi ver o que estava acontecendo.
A minha esposa ficou conversando por menos de um minuto com o tal homem e, em seguida, voltou para o meu lado no Manoelito. Ela me disse que a tal luzinha piscando era por conta da injeção eletrônica, o que para mim foi mais uma surpresa, pois sou um completo inepto nessa área. O moço ligou o veículo e agradeceu a providencial ajuda da minha mulher.
Voltamos a andar pela estrada de chão, quando a Dona Irene me perguntou o que eu havia dito para o tal sujeito. Repondi: “Cara, não entendo nada de carro, mas ela aqui é mecânica!” A minha esposa simplesmente me olhou com uma cara de surpresa e disse: “Mas eu não sou mecânica!” Eu respondi: “Eu sei disso, mas ele não sabia!”