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Olha o peteleco...

Luzia, a menina que luzia comendo banana

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Autor/Imagem:
Eduardo Martínez - Foto Produção Irene Araújo

Linda desde sempre, o que mais encantava naquela menina era o sorriso, que conseguia encantar quase todos. Afinal, sempre aparece alguém para querer menosprezar ou fazer desdém das qualidades alheias. Pura inveja ou, talvez, falta de visão. Só cuidado para não bater a cara contra o muro.

Ah, já ia me esquecendo de apresentar tal encanto de garota. Ela se chamava Luzia e, que nem o seu nome, brilhava por onde passava. E lá ia Luzia, luzindo pelas ruas de Olho d’Água das Cunhãs, cidade incrustada no coração do Maranhão. Não poderia haver melhor lugar para vir ao mundo criatura mais cheia de paixão pela vida. Pois foi lá mesmo que nasceu Luzia.

A menina, que era boa de garfo, não rejeitava quase nada. Adorava frutas, mas era apaixonada por bananas, especialmente as bem maduras. Fazia aquela cara de felicidade e, caso não houvesse alguém por perto, falava sozinha de boca cheia: “Hum, que delícia!”

Pois o que aconteceu foi por esses tempos de Luzia, ainda menina, que luzia a caminho da escola. Quase no meio do trajeto, havia uma feira, onde se encontrava uma banca de bananas. O dono era um homem de cara amarrada, cujo nome ninguém sabia ao certo. Seja como for, todo mundo o chamava de Peteleco, pois ele tinha a mania de dar petelecos nas orelhas das crianças.

Luzia, assim que viu aquela quantidade enorme de bananas, quis comprar tudo, mas o dinheiro não era suficiente. Ela se aproximou do vendedor.

— Peteleco, bom dia!

— Bom dia, menina.

— Quanto tá a banana?

— Dez reais a dúzia.

— Mas eu só quero uma.

— Não vendo apenas uma banana.

— Mas eu só tenho um real.

— Já falei que não vendo apenas uma banana.

— Mas eu quero comprar.

— Toma aqui uma banana.

Luzia, já com a banana na mão, começou a comê-la ali mesmo. Mas, antes que fosse embora, virou-se pro vendedor.

— Peteleco, pode me dar outra?

— Toma aqui outra banana, mas suma daqui antes que eu te dê um peteleco.

Luzia tratou de pegar aquela fruta e saiu correndo para não ficar com as orelhas doloridas. Além do mais, era dia de aprender coisas novas na escola. E ela adorava ciências.

*Eduardo Martínez é autor do livro “57 Contos e Crônicas por um Autor muito Velho”.

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