Sobrou para reformas
Machismo vira tema dos protestos nas ruas de São Paulo

Camila Maciel e Ludmila Souza
Mulheres foram às ruas de São Paulo nesta quarta-feira (8), Dia Internacional da Mulher, para celebrar e manifestar. Dois protestos partiram de locais diferentes, um da Praça da Sé e outro do Museu de Arte de São Paulo (Masp), mas se encontraram no centro da capital, reunindo cerca de 30 mil pessoas, segundo a organização. A Polícia Militar não indicou o número de participantes. Os protestos se posicionaram contra as propostas de reforma da Previdência e trabalhista, além da violência, o machismo e a favor da legalização do aborto.
“Além da questão da violência e da legalização do aborto, outra violência contra a classe trabalhadora é, em especial, a PEC [Proposta de Emenda à Constituição] 287 [que trata da Previdência]”, disse Juneia Batista, secretária nacional da Mulher Trabalhadora da Central Única dos Trabalhadores (CUT). Procurada pela Agência Brasil, a Secretaria Especial da Previdência Social do governo federal informou, por meio da assessoria de imprensa, que não iria se manifestar sobre os protestos.
O ato na Sé teve início após a Assembleia das Trabalhadoras Cutistas contra a Reforma da Previdência, que foi realizada em frente ao prédio do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), no Viaduto Santa Efigênia. No Masp, na Avenida Paulista, professores da rede estadual também fizeram assembleia antes de sair em caminhada. A atividade teve como propósito mobilizar professores para uma greve geral da educação anunciada para este mês.
A estudante Mariane Garcia, 20 anos, da União Paulista dos Estudantes Secundaristas (Upes), resolveu apoiar o ato dos professores no Masp. “Nós visamos a qualidade educacional neste dia das mulheres. As professoras precisam ser mais valorizadas”, avaliou. Eliane Vendranmetro, do Sindicato dos Especialistas da Educação de São Paulo, participou da concentração na Praça da Sé e, para ela, não há o que comemorar neste dia. “Estamos atravessando um período de muitas perdas com a reforma [da Previdência] e o prejuízo maior é das mulheres”, opinou.
O ato no Masp foi também convocado pelas redes sociais por coletivos feministas como parte de uma mobilização internacional chamada 8M. “Este é um movimento internacional de greve de mulheres, uma iniciativa que começou com as mulheres da Argentina, o [movimento] Nenhuma a Menos, e que se somou ao movimento nos Estados Unidos contra [o presidente Donald] Trump. Isso porque a violência é um problema mundial e que se soma a um problema social”, explicou Ana Pagu, do Movimento Mulheres em Luta, uma das organizações que compõe o 8M no Brasil.
