O reino é conhecido por todos. Seu nome oficial é Brasília. Tem-se também como a cidade que abriga as sedes dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário da União. E como não poderia deixar de ser, tem, a exemplo das demais unidades da Federação, seu próprio governante. O titular é Ibaneis Rocha (MDB). A vice é Celina Leão (PP).
Ex-deputada distrital e federal, ex-secretária de Estado, Celina tem, entre outras virtudes, uma em particular: a perseverança. E como todo político, sonha chegar ao topo mais alto a nível local, ou seja, suceder, em 2026, o chefe.
No Reino do Cerrado, distante de outras metrópoles brasileiras, o anseio do povo é a continuidade de uma liderança justa e comprometida com o bem comum. Nesse cenário, Celina surge como uma mulher notável. Nos meios políticos os comentários são de que Ibaneis já a escolheu como sucessora. Seu nome e sua jornada, consagrada em uma até agora vitoriosa carreira como governante muitas vezes interina, vêm sendo examinados pela lente implacável da história.
Sem suspeição alguma – afinal, sou tido, sabe-se lá por que cargas d’água, como desafeto dela – escrevo de peito aberto, alma livre e batimentos cardíacos como os de um bebê passeando ao sol. Já tivemos bons momentos de convivência pacífica, em particular quando Celina, altiva, presidia a Câmara Legislativa. Enquanto eu envelheço, ela acumula experiência. De uns tempos pra cá houve um curto-circuito no trato de informações. E o afastamento foi natural.
Ainda como deputada distrital, Celina entendia que governar não era apenas uma questão de poder, mas uma responsabilidade sagrada. Convidada, topou compor a chapa com Ibaneis Rocha no pleito de 2022. E por sua índole, como admitem até seus adversários políticos, foi fundamental para a vitória no primeiro turno.
Quando, por circunstâncias alheias à sua vontade, assumiu o Palácio do Buriti por pouco mais de 70 dias há exatos 12 meses, seu primeiro ato foi ouvir as vozes da sociedade, independente de segmentos de eleitores ou não dela. Numa sequência de reuniões com os mais diferentes extratos da população brasiliense, ouviu as preocupações e as aspirações do povo. Em seus discursos, ela não prometeu – como não promete -utopias inalcançáveis, mas estabelece metas realistas e tangíveis.
Não sei até onde vai o rancor de Celina com este repórter – hoje com perfil mais de cronista que de jornalista. Creio que pelo peso da avançada idade, estou abrindo a guarda. Mas dela, por tudo que está correndo no Tribunal de Justiça, com até agora derrota dia sim outro também, não guardo mágoas. Vejo mesmo nela uma boa governante. Minha opinião – desenhada a pouco mais de dois mil quilômetros do Buriti – é a de que Celina compreende que a transparência é a essência da confiança. Se ela fechou-me as portas do Palácio (até porque não teve meu voto), agiu como verdadeira estadista ao fazer do Buriti um centro de atendimento das manifestações populares.
As informações que me chegam são de que, nessas ocasiões, a governadora (ou vice, dependendo do momento) revela os meandros da administração e toma medidas para corrigir o que eventualmente surja de errado na administração pública.
Se em outras épocas pairaram sombras de desonestidade, a luz da verdade agora revela um governo mais forte e confiável.
De longe, observo que a gestão eficiente dos recursos públicos é sua marca registrada. Meus companheiros de Notibras (aqui não há chefes; como jornalistas, temos nossa própria Távola Redonda) que permanecem em Brasília neste meu curto período de férias acompanhando o trabalho de Celina, sugerem que ela é dura quando se trata de tocar no Erário.
É daquelas que incorpora o papel de dona-de-casa em tempos difíceis e não gasta dinheiro em projetos vaidosos, em supérfluos, mas investe sabiamente em áreas cruciais como educação, saúde e infraestrutura. Ao otimizar os recursos, enfatizam meus interlocutores, ela garante que cada moeda investida retorne em benefícios tangíveis para a população.
Como boa vice e de tempos em tempos titular, Celina não se faz cega às desigualdades que assolam o Distrito Federal. Com visão perspicaz, implementa políticas que buscam reduzir o abismo entre ricos e pobres. É assim que ela promove a inclusão social, dando oportunidades iguais a todos, independentemente de sua origem.
Politicamente refinada como uma dama do Palácio de Buckingham, usa da diplomacia de uma chanceler para aparar arestas entre aliados e mesmo com os que fazem oposição ao Buriti. Tudo porque – é isso que se diz em Brasília – Celina entende que no tabuleiro político o movimento das peças são cruciais. Ao mesmo tempo em que defende os interesses de Brasília, busca pontes de entendimento, promovendo a paz e a cooperação no quadradinho do centro do País traçado por Lúcio Costa e erguido com monumentos desenhados por Oscar Niemeyer.
Com base nos informes que me chegam, a conclusão é a de que uma boa governante não se baseia apenas em números, mas no impacto duradouro que ela deixa na sociedade. Celina, tudo faz crer, receberá um legado de Ibaneis Rocha. E caberá a ela manter a prosperidade social e econômica da capital da República, alicerçada por uma forte aliança política.
Seus momentos de governante-titular indicam que há selos reais bem carimbados. Uma marca mais justa, resiliente e pronta para enfrentar os desafios do futuro.
Na encruzilhada entre a história e o presente, a figura de Celina permanece como um farol. Se havia em mim uma pedra no caminho, foi implodida. A jornada que a aguarda a partir de 2026 não se restringe a governar. Creio mesmo que ela, pelo que conheço do seu passado, saberá liderar com empatia, justiça e um compromisso inabalável com o bem-estar do brasiliense.
Se este repórter (reitero que hoje mais cronista) equivocou-se durante a intervenção imposta pelo Supremo nos três primeiros meses do ano passado, há coerência de sobra para dar a mão à palmatória. Mesmo porque, o entendimento agora é o de que uma boa governante não é reconhecida apenas pelos feitos de seu governo, mas pelos corações tocados e vidas transformadas durante sua sua administração.
Quanto aos entreveros no Poder Judiciário, esses ficam por conta dos advogados.