Venezuela
Maduro mostra seu lado ditador e cancela referendo
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emA aliança opositora Mesa da Unidade Democrática acusou nesta sexta-feira o governo do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, de colocar em execução práticas ditatoriais para impedir a realização de um referendo revogatório do mandato presidencial.
O secretário-executivo da Mesa, Jesús Torrealba, afirmou em entrevista coletiva que os governistas não querem disputar nas urnas porque “não têm os votos para ganhar nem o referendo nem as eleições para governador”. A Mesa da Unidade Democrática reúne trinta partidos e organizações oposicionistas.
Torrealba acrescentou que, se um regime atua fora da norma constitucional e não reconhece os resultados do sufrágio universal, ele não democrático, mas sim um regime “que atua a partir dos princípios e procedimentos de uma ditadura”.
As principais pesquisas no país indicam que Maduro e seus aliados perderiam o referendo por ampla margem. O presidente, sem mencionar a suspensão, pediu aos venezuelanos que respeitem as leis e evitem cenários de confrontação. Maduro falou no Azerbaijão, onde realizou a primeira escala de um giro por vários países produtores de petróleo com a intenção de promover um acordo para estabilizar os mercados e impulsionar os preços.
Na quinta-feira, o Conselho Nacional Eleitoral, controlado pelos governistas, informou que estava suspensa a coleta de assinaturas necessárias para a convocação do referendo, com o argumento de que acatava ordens de tribunais penais que teriam detectado uma fraude em uma coleta prévia. A coleta de assinaturas havia sido autorizada pelo mesmo conselho nos dias 26, 27 e 28 de outubro. O processo acabou suspenso, o que enfureceu a oposição e gerou o temor de uma possível escalada na crise política e social que vive a Venezuela, em meio a graves dificuldades econômicas, como escassez de alimentos e uma crescente inflação.
A oposição assumiu em janeiro o controle do Congresso, que por 17 anos ficou nas mãos dos governistas. Desde então, porém, a força do Legislativo tem sido bloqueada pelo Judiciário. Em 10 de janeiro de 2017 Maduro cumprirá a metade de seu mandato de seis anos e, pela Constituição, caso ele seja afastado depois disso, o vice-presidente completaria o mandato, sem eleições antecipadas.