Morde e assopra
Maia prepara cama de gato para Bolsonaro
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emDesde o início do novo mandato como presidente da Câmara, Rodrigo Maia vem usando o estilo morde e assopra na relação com o governo. Essa estratégia tem como objetivo preparar o terreno para a sua candidatura às eleições presidenciais de 2022. Morde para desgastar Bolsonaro e seu governo,candidato natural à reeleição, caso decida concorrer, e assopra para fazer crer ao eleitorado que está lutando para a recuperação do país.
Se as declarações polêmicas de Bolsonaro foram apelidadas de “caneladas”, as de Maia são verdadeiras “tesouras voadoras”, que atingem não apenas o presidente, mas seus ministros e as instituições nacionais.
Quem não se recorda da infeliz declaração, referindo-se ao sistema de proteção social dos militares, apresentado pelo governo?: “O problema é que estamos no fim da festa, o Brasil já quebrou, os militares estão querendo entrar na festa no finalzinho, quando já está amanhecendo, a música já está acabando, não tem mais ninguém para dançar”.
À época, respondi que as Forças Armadas participam de festas apenas para comemorar suas glórias e heróis nacionais enquanto, eles sim, participam de bacanais entre políticos e empresários para se locupletarem mutuamente com o erário público, protegidos pela “impunidade” parlamentar e por um bunker inexpugnável chamado foro privilegiado, defendido a ferro e fogo pelos ministros do STF.
Contra o funcionalismo público, disparou: “Os nossos salários do setor público são 67% do equivalente no setor privado, com estabilidade e pouca produtividade. E é isso que a gente precisa combater. E esse desafio precisamos enfrentar. Um serviço público de qualidade”.
Senhor Rodrigo. Esse desafio deve ser enfrentado primeiramente dentro da Casa que V. Exa preside. Suas remunerações são infinitamente superiores às de qualquer funcionário público ou do setor privado, com produtividade mínima para a sociedade, e máxima em seus próprios interesses.
A qualidade do trabalho pode ser medida por essa Constituição Cidadã, confusa, dúbia e remendada que escreveram, ou pelo emaranhado de leis recheadas de jabutis oportunistas que produzem a cada legislatura.
Na semana passada, em entrevista à revista Exame, foram proferidas diversas “verdades”, visando atingir diretamente a figura do Presidente da República. Vamos comentar as mais interessantes.
1 – Bolsonaro é “produto sem partido”. VERDADE. Sem partido; sem caixa 2; sem televisão; sem toma-lá-dá-cá. O Brasil não elegeu um partido, pois nenhum deles tem programa de governo e estão com seus quadros corrompidos. Bolsonaro foi eleito pela indignação do povo. Sua eleição incorpora essa indignação que pode ser descrita em uma palavra: BASTA!
O PSL teve apenas um candidato à presidência antes de Jair Bolsonaro, em 2006, que obteve 0,06% dos votos válidos. Em 2014, elegeu apenas 1 deputado federal.
Além do presidente da república, o PSL possui hoje 54 das 513 vagas para parlamentares.
2 – Bolsonaro conseguiu representar “algo fora do Estado”. VERDADE. O Estado estava podre; como escolher um produto dessa comunidade infectada com o vírus da corrupção?
3 – Bolsonaro é um “produto de nossos erros”. “A pergunta é onde nós erramos”. VERDADE.
Eu respondo.
O primeiro e capital erro foi fazer o Brasil refém de uma Constituição Federal viciada, parlamentarista, pródiga em direitos e débil em deveres, construída por um grupo de anistiados vingadores que, para esconder suas verdadeiras intenções corporativistas, deram àquela colcha de retalhos a alcunha de “Constituição Cidadã”, sendo eles os principais“cidadãos” que dela se beneficiam, alterando-a quando e como lhes convier.
Desse estupro, nasceu um sistema eleitoral que hoje possui mais de 30 partidos, formando uma sopa de letras sem qualquer representação social, dizendo-se todos democráticos para enganar a opinião pública, alguns utilizados apenas para a venda de tempo de televisão em período eleitoral.
Formado esse quadro, as bactérias vermelhas foram-se apoderando de todos os órgãos governamentais e destruindo os elementos vitais da Nação: a educação; a saúde; a família;a segurança; roubando aos poucos a energia, a dignidade e a esperança da sociedade.
Em 1990, foi realizada a primeira reunião do Foro de São Paulo, naquela cidade. Desde então, o Foro tem acontecido a cada um ou dois anos. Hipocritamente, constava das seus normas que as posições políticas variam dentro de um largo espectro, que inclui partidos social-democratas.
O quadro da corrupção foi crescendo e já, em 1998, passava despercebido o “mensalão tucano”.
Em 2002 acabava o falso socialismo democrático de Fernando Henrique Cardoso e iniciava a segunda etapa do plano: o aparelhamento do Estado, anestesiando o povo com o carisma e o populismo de um “metalúrgico”.
Em 2004, veio o escândalo do assessor parlamentar Waldomiro Diniz, ligado a Carlinhos Cachoeira, arrecadador de propina para as eleições de 2002; em 2005, o deputado Roberto Jefferson detalhava o esquema do “mensalão”. A justiça, já aparelhada, sequer investigou o presidente mais honesto do mundo, que naquele momento ainda era “o cara”, enquanto os amigos ministros aplicavam penas ridículas a José Dirceu e demais bandidos, naquela peça teatral apelidada de julgamento do mensalão; depois, vieram os escândalos dos “aloprados”, as prisões de José Dirceu, José Genoíno, Delúbio Soares e outros.
Um dia, os sismógrafos da corrupção detectaram o terremoto: era a operação Lava Jato que envolveria mais de uma centena de políticos. Em 62 fases, foram denunciados mais de 600 réus, com 285 condenações, totalizando mais de 3 mil anos de prisão.
Em 2017, a revista Época publicou que “um levantamento de peritos da Polícia Federal mostra que todas as operações financeiras averiguadas nas investigações da Lava Jato somavam R$ 8 trilhões.”
A resposta foi um pouco longa, mas deve esclarecer ao presidente da Câmara dos Deputados o que ele, outras dezenas de políticos e membros do Judiciário fizeram de errado para que o povo os hostilize em público e exija suas prisões, que só não ocorrem devido ao sistema de auto-proteção aperfeiçoado ao longo de todos esses anos.