Fernando Nakagawa
O maior fundo soberano do mundo aumentou a aposta no Brasil Balanço do Fundo Soberano da Noruega mostra que os gestores aumentaram a exposição às ações brasileiras em cerca de 35% entre dezembro de 2015 e junho de 2016. Na renda fixa, a participação da dívida brasileira aumentou 18%.
Agora, o Brasil ocupa a quarta posição entre os mercados mais importantes da carteira emergente em ações e o terceiro principal posto no portfólio de renda fixa das economias em desenvolvimento. O fundo tem US$ 870 bilhões em patrimônio.
Em meio à melhora do sentimento com a economia brasileira, os gestores do maior fundo soberano do mundo mudaram de estratégia e voltaram a comprar Brasil. O balanço do segundo trimestre revela que a exposição às ações de empresas brasileiras cresceu para o equivalente a 0,7% da carteira de ações no fim de junho de 2016 – ante 0,5% no fim de 2015. Com esse reforço, o fundo soma agora cerca de 29,9 bilhões de coroas norueguesas alocadas em ações do País – R$ 11,6 bilhões.
Na renda fixa, o investimento também foi reforçado. No fim de junho, 1,1% da carteira do segmento estava alocada em títulos de dívida emitidos em reais brasileiros – ante 0,8% em dezembro do ano passado. Com esse aumento, a exposição à dívida brasileira alcançou aproximadamente 29,5 bilhões de coroas norueguesas – R$ 11,4 bilhões.
“No Brasil, os mercados ficaram mais estáveis no segundo trimestre após um período turbulento e o real se apreciou ainda mais durante o período. Mercados encararam a mudança do governo em maio como um passo na direção correta em termos de trazer as necessárias reformas econômicas”, dizem os gestores no relatório divulgado em Oslo.
Com a recuperação dos mercados brasileiros e o aumento da exposição aos ativos nacionais, o fundo norueguês colheu frutos no segundo trimestre. A carteira global de renda fixa teve retorno operacional de 2,6% no segundo trimestre. O ganho ficou 0,1 ponto porcentual acima do índice de referência determinado pelo Ministério de Finanças da Noruega. “Esse retorno adicional foi devido à maior alocação em mercados emergentes, em particular nos títulos do governo brasileiro”, cita o relatório
O lucro obtido com os papéis do Tesouro Nacional mostra uma guinada no desempenho desse investimento. Em 2015, a dívida do Brasil foi um dos grandes destaques da carteira de renda fixa com o retorno negativo de 27,4% em coroas. O prejuízo equivalente a mais de um quarto da exposição à dívida brasileira foi gerado pelo forte enfraquecimento do real e o aumento dos juros, explicaram os gestores na época.
Além do ganho na renda fixa, o Fundo Soberano da Noruega registrou retorno global de 0,7% nas ações e perda de 1,4% em propriedades imobiliárias. Ao todo, o retorno da carteira foi positivo em 1,3% no segundo trimestre.