Milhares de manifestantes marcharam nesta terça-feira em várias cidades da Bolívia a favor e contra uma terceira reeleição para Evo Morales, em meio a protestos contra o presidente que está há 11 anos no poder.
O incidente mais grave ocorreu quando um grupo de cocaleiros contrários ao governo lançaram pedras contra o local onde iriam se reunir governistas. Nas demais ruas, as marchas foram pacíficas.
Sob a consigna “21F Dia da Mentira”, que recorda o referendo que há um ano Morales perdeu por margem estreita e que o impediu de se apresentar para as eleições de 2019, o Movimento ao Socialismo e sindicatos que apoiam o governo convocaram mobilizações para impugnar o resultado da consulta popular, que atribuem a uma campanha de mentiras da oposição. “Não vamos permitir que as mentiras voltem a afetar nosso presidente. Hoje é o dia do desagravo”, afirmou o ministro da Justiça, Héctor Arce, diante de milhares de partidários de Morales.
Os oposicionistas, por sua vez, pediram respeito à voz das urnas e rechaçam qualquer estratégia legal que possa ser defendida pela Assembleia Legislativa, de maioria governista, para dar a Morales a chance de buscar um novo mandato. Milhares de pessoas em várias cidades bolivianas se posicionaram pelo respeito ao voto popular.
De acordo com a Constituição aprovada pelo atual governo em 2009, Morales não pode ser candidato. O líder cocaleiro governa desde 2006.
O país também tem protestos de um grupo de cocaleiros contrários a uma nova lei de coca e marchas contra o governo da Central Obrera Boliviana, que agrupa grande quantidade de trabalhadores. As ruas do centro de La Paz entraram em colapso neste dia de marchas.
Morales cumpriu sua agenda e em discurso agradeceu os movimentos sociais pelo apoio. “Não se trata de ganhar por ganhar. Trata-se de mudar a Bolívia com obras”, afirmou.
Desde que perdeu o referendo, a popularidade de Morales foi afetada por escândalos de suposta corrupção e pelo retrocesso na economia. Uma pesquisa em janeiro revelou que 74% da população é contrária à reeleição do presidente, mas Morales diz que tem apoio dos sindicatos e dos movimentos socialistas para voltar a se candidatar.