Aquelas duas, até onde se tem notícia, jamais se perceberam diferentes. Eram irmãs e pronto! Uma cuidava da outra e vice-versa. A mais velha se chamava Clariboia e nunca havia chupado chupeta, apesar de já ter mastigado uma ou outra. Mas isso era no tempo em que ainda era pequerrucha e corria que nem siri pelas areias das mais belas praias do Nordeste.
Malulinha, a menorzinha, que na verdade já estava quase do tamanho da maior, adorava puxar as bochechas da irmã, que a tudo aceitava de bom grado. Acabavam rolando no tapete, enquanto os adultos da casa se ocupavam com coisas menos importantes. Tolices de gente grande, que os miúdos nem querem saber.
Clariboia, além de irmã, se fazia de babá da Malulinha. Bastava a menorzinha sujar a fralda, lá ia a mais velha lhe dar aquela fungada nos fundilhos. Não falhava uma, como mamãe e papai logo constatavam. Já era hora de trocar a fralda, antes que surgissem assaduras.
Protetora que era, Clariboia cercava a irmã toda vez que a família recebia visita. Que nogócio é esse de pegar a minha irmãzinha? Olha, que não vou deixar que a levem embora! E lá ia a cadelinha dar cabeçadas naquele povo atrevido.
Mamãe e papai ralhavam com a mais velha, que não estava nem aí. Podem dar broncas à vontade, que não arredo as patinhas daqui. A Malulinha é a minha irmã caçulinha, e ninguém irá tirá-la de mim. Ainda temos muitas brincadeiras para brincar, muitas travessuras para aprontar.
E assim as coisas aconteciam naquela casa. Sempre juntas, seja na hora da papinha, seja na hora das brincadeiras e até na soneca após o almoço. Irmãs que são, cara de uma, focinho da outra.