Jade Abreu
No Distrito Federal, são produzidos por ano cerca de 110 mil litros de leite de búfala — usado para a produção de queijo — e 12 toneladas de carne. Esses alimentos abastecem restaurantes, pizzarias, hotéis e as Centrais de Abastecimento do Distrito Federal (Ceasa).
Apesar de haver mercado para os produtos, a criação de búfalo ainda é tímida no DF. A Secretaria da Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural tem 802 animais cadastrados. O rebanho é menor do que o de outras unidades da Federação, como o do Pará, o maior do País, com 490 mil cabeças. Ainda assim, a produção local ultrapassa Piauí, Sergipe e Roraima, de acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
As principais criações do DF estão em Brazlândia e em Ceilândia. Voltada para o laticínio dos bubalinos, Marli Neri Farias, de 69 anos, cria uma manada de 140 cabeças e tira 300 litros de leite para produção de queijos. Na propriedade, de 49 hectares, com a ajuda de duas funcionárias, ela faz muçarela em barra, em bolinhas, ricota, temperada e queijo de manta.
Há 15 anos, o marido de Marli — falecido no ano passado — trocou a criação do gado bovino pelos búfalos, por considerar mais fácil de criar, além de ser um diferencial para o mercado. Desde então, a família focou em produtos de origem de bubalinos. “Deu certo, teve muito mais aceitação no DF.”
Produção é mais fácil e tem boa aceitação do mercado
De segunda a sábado, a ordenha ocorre às 7 horas. Em seguida, o leite é levado para uma máquina onde deverá ser pasteurizado. Após esse processo, tem de ser coalhado para fazer a muçarela e colocado em uma panela a uma temperatura de 40º.
Depois, precisa ser manuseado por cinco minutos e levado a uma temperatura de cerca de 10º. Essa produção de queijo vai até as 15 horas diariamente. Após essas etapas, o produto deve ficar reservado durante um dia, quando é embalado.
Segundo Marli, o processo é igual ao do queijo originado do leite bovino. A maior diferença está na quantidade. “A nossa búfala com a maior produção dá 14 litros de leite diariamente. Uma vaca dá cerca de 40 litros.”
A adaptação da família com a criação de bubalinos teve apoio da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater-DF). A empresa oferece aos pecuaristas o manejo em pastagens, consultorias sobre a ordenha, atendimento clínico para os animais, a montagem da indústria, o tratamento sanitário e o auxílio na comercialização.
O leite da búfala é mais gorduroso e tem mais calorias do que o da vaca. Segundo a Associação Brasileira de Criadores de Búfalos, 8,16% do leite da búfala é gordura, enquanto na vaca o teor é de 3,68%.
Um copo de 100 mililitros de leite tem 104,29 calorias, cerca de 40 calorias a mais do que o de origem bovina para a mesma proporção. No entanto, 4,5% da produção leiteira bubalina é proteína, índice superior ao bovino, com 3,7%.
Apesar de ser o leite mais gorduroso, a carne de búfalo é mais leve e saudável. De acordo com a associação, a carne de búfala tem 40% menos colesterol e 55% menos calorias do que a bovina. O teor de gordura também é bem menor do que a carne de boi.
Agência Brasília