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Mané faz um ano, estoura tudo e quem ficou por dentro ganha

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Os filhos dos filhos dos nossos filhos serão herdeiros de uma conta sem fim. É o preço que a Terracap, estatal de terras de Brasília, paga para que a capital da República tenha um estádio de futebol bonito, se visto do Céu, e feio, quando visto do Inferno em que vive o brasiliense.

O Mané Garrincha estourou tudo, a começar pelo orçamento. Inicialmente previsto a um custo de 600 milhões, as cifras viraram estratosféricas. E o estádio que está completando um ano de inaugurado, já fez sangrar dos cofres públicos mais de 1 bilhão 900 milhões de reais.

Não é nada que se compare ao ‘Padrão Fifa’ tão proclamado. A infraestrutura externa é caótica, com a lama (uma característica de Brasília no governo de Agnelo Queiroz) se acumulando mesmo em tempos de estiagem e sujando as mãos de muita gente.

O ex-governador José Roberto Arruda queria apenas uma obra mediana. A estrutura então existente era passível de ser reformada e se adaptar a novos tempos. Mas o governador Agnelo Queiroz deu um passo atrás. Inspirou-se na ditadura egípcia e fez uma obra faraônica.

As consequências são drásticas. Há goteiras por todos os lados, as cadeiras estão quebradas, os corrimões soltos, o lixo se acumula por dentro e por fora.

A Copa está chegando. O Mané vai sediar seis jogos. Quando acabar, Brasília terá mais um elefante branco. Não o que ensina a formar cidadãos, mas o que macula a imagem de administradores, como Agnelo Queiroz e os responsáveis diretos pelo estádio – Cláudio Monteiro, titular da Secopa e Abdon Henrique, presidente da Terracap.

Um ano se passou desde o primeiro jogo. De lá para cá, o Mané é motivo de chacota. As reportagens que pululam por todos os meios de comunicação não denigrem. Apresentam apenas o lado real de tudo o que aconteceu, acontece e está por acontecer.

Notibras selecionou um desses textos. É assinado pelos jornalistas Aiuri Rebello e José Cruz, do Uol, e vai transcrito a seguir.

A 24 dias do início da Copa, o governo do Distrito Federal corre para Brasília não receber o Mundial com chão de terra batida em boa parte do pátio no lado de fora do estádio Mané Garrincha. Apesar de ter sido inaugurada há um ano, no dia 18 de maio de 2013, a arena continua com um canteiro de obras instalado em uma das faces e assim receberá a Copa — além da pavimentação no entorno, iniciada em cima da hora a cerca de um mês da Copa, faltam obras de sustentabilidade e outras intervenções nos arredores que só serão feitas depois da competição futebolística da Fifa.

No total, o custo do Mané Garrincha é até agora de R$ 1,9 bilhão de acordo com o TC-DF (Tribunal de Contas do Distrito Federal): R$ 1,6 bilhão já gastos no estádio em si e outros de R$ 285 milhões em obras no entorno. Destas, apenas a pavimentação da área externa do estádio e a construção de calçadas que levam do setor hoteleiro (vizinho ao estádio) à arena — que também não existiam — vão ficar prontos até o dia 12 de junho. O Mané Garrincha é o estádio mais caro dentre os doze que recebem a Copa.

O resto, incluindo dois túneis de cerca de R$ 200 milhões para facilitar o acesso ao Mané Garrincha, as obras de sustentabilidade, algumas intervenções viárias nos setores hoteleiros e o resto da urbanização no entorno só para depois do Mundial. O governo do DF promete que ainda em 2014. A recuperação do Complexo Esportivo Ayrton Senna, com quadras poliesportivas e até um ginásio abandonados e em ruínas e onde fica o estádio, não tem previsão para ser feita. Apesar disso, o governo insiste que o pacote de R$ 285 milhões “vai beneficiar toda a área central de Brasília”.

A Fifa também vai ter muito trabalho para deixar a arena dentro de seu famoso padrão de qualidade, já que nos dias 9, 10 e 17 de maio, cerca de um mês antes do início da Copa, a reportagem esteve na arena e constatou muitos problemas de conservação: assentos quebrados, corrimões soltos em acessos às arquibancadas, vidros quebrados e muita sujeira e barro acumulados pelo piso em toda a parte.

Em dezembro, sete meses após a inauguração do Mané Garrincha, a cobertura de R$ 241 milhões (em valores atualizados) apresentou vazamentos e goteiras generalizadas, conforme mostrou-se na ocasião. De acordo com a Secopa-DF (Secretaria Extraordinária da Copa no Distrito Federal), por meio de sua assessoria de imprensa, o problema já foi consertado. Até a Copa das Confederações, jogadores encaravam banho frio nos vestiários.

Segundo o TC-DF, a obra teve um superfaturamento apurado de R$ 430 milhões. O governo nega e o processo no órgão de controle está na fase em que o governo do DF apresenta justificativas ao tribunal, que irá analisar os argumentos e decide se o superfaturamento está mesmo configurado ou não.

Para a Secopa-DF, está tudo de acordo com o planejado. “Para a Copa do Mundo, o entorno mais próximo ao estádio está recebendo apenas melhorias (compactação e tratamento superficial) para facilitar ainda mais o acesso de torcedores nos dias de jogos”, afirma a nota enviada à reportagem. Nas contas do governo, o Mané Garrincha, custa R$ 1,4 bilhão, mas não explica o por quê da diferença entre o valor oficial e o apresentado pelo tribunal de contas.

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