Ao menos duas pessoas foram mortas em Beirute nesta quinta-feira (14), quando disparos intensos visaram apoiadores do grupo xiita libanês Hezbollah, quando seguiam para um protesto que exigia o afastamento do juiz que investiga a explosão do ano passado no porto da cidade.
Os tiros na linha de frente da guerra civil de 1975-90 marcam parte dos piores atritos civis no Líbano em anos, e ressaltam uma crise política crescente em reação ao inquérito sobre a explosão de 4 de agosto de 2020.
O Exército libanês informou, em comunicado, que os tiros visaram manifestantes, que passavam por uma rotatória localizada em área que divide bairros cristãos e muçulmanos xiitas.
O primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, pediu calma. Uma fonte militar disse à Reuters que duas pessoas foram mortas e sete ficaram feridas.
Os disparos partiram do bairro cristão de Ain el-Remmaneh e acabaram em uma troca de tiros, acrescentou a fonte.
A televisão Al-Manar, do Hezbollah, informou que “dois mártires” e vários feridos foram levados a um hospital dos subúrbios xiitas do sul, indicando assim a etnia das vítimas.
Os tiros foram ouvidos durante algumas horas, assim como várias explosões que pareceram ser granadas impulsionadas por foguetes disparadas para o alto, disseram testemunhas à Reuters.
O Exército libanês se mobilizou intensamente na área e disse que abrirá fogo contra qualquer pessoa armada nas ruas.
As tensões políticas causadas pelo inquérito sobre a explosão no Porto de Beirute aumentam, e o Hezbollah, grupo fortemente armado e apoiado pelo Irã, lidera os pedidos de afastamento do juiz Tarek Bitar, acusando-o de ser tendencioso.
A explosão matou mais de 200 pessoas e devastou partes da capital libanesa.
O impasse a respeito da investigação de Bitar está desviando a atenção do governo recém-formado, no enfrentamento de um dos piores colapsos econômicos da história.
O juiz tenta interrogar vários políticos graduados e autoridades de segurança, incluindo aliados do Hezbollah, suspeitos de negligência que levou à explosão portuária, causada por uma quantidade enorme de nitrato de amônia. Todos negam culpa.
Embora nenhum de seus membros seja alvo da investigação, o Hezbollah acusa Bitar de realizar um inquérito politizado, que se concentra em determinadas pessoas.
Hoje, um tribunal rejeitou queixa legal contra Bitar, permitindo que ele prossiga com seu trabalho.