Centenas de pessoas estão na porta do Senado da Argentina para pedir que o projeto que busca descriminalizar o aborto no país, que já passou pela Câmara dos Deputados, não seja aprovado. O Senado agendou para 8 de agosto a votação da lei.
“A ideia da manifestação é dizer aos senadores que são a favor da vida que eles têm nosso apoio. Sabemos que isso transcende às questões partidárias e queremos pedir a reflexão daqueles que sejam a favor da aprovação dessa lei”, disse o coordenador da Fundação Elegi Sorrir, Marcelo Rossi.
Os manifestantes pedem melhorias na assistência médica e social prestada às mulheres para evitar que elas precisem abortar.
“Dizem que esta lei é para ajudar as mulheres, mas elas estão morrendo por outras causas. Até que ela morra por um aborto, também é preciso ajudá-la e assisti-la. Isso a lei não resolve”, disse.
Por esse motivo, os manifestantes defendem que existem opções para que as gestantes não interrompam voluntariamente a gravidez, como a adoção e a criação de uma ajuda econômica por parte do Estado para garantir a subsistência da mãe e do bebê.
“Seria preciso melhorar as leis de adoção, as leis da infância, para que as jovens possam ter uma vida mais sana sem ter de recorrer a um aborto, que nunca é seguro. Sempre há a possibilidade de a mulher morrer”, Campaña, uma das manifestantes.
Outra das exigências mais repetidas no protesto, marcado pelo azul dos lenços em contraste com o verde usado pelos defensores da lei, foi que o pai tem o direito de decidir sobre o futuro do filho.
O projeto de lei, apresentado pela sétima vez em março pela Campanha Nacional pelo Aborto Legal, Seguro e Gratuito, foi aprovado na Câmara dos Deputados e será debatido no Senado no próximo dia 8.
Segundo os cálculos, a aprovação depende do voto de cerca de 20 senadores que ainda não revelaram se defendem ou não a lei.
Caso avance, a lei modificará o Código Penal em vigor desde 1921. Até então, a legislação permite que as mulheres abortem até a 14 semana de gestação caso sejam vítimas de estupro ou se a gravidez representar perigo para a mãe.
Na última terça-feira, um grupo de advogados enviou uma carta ao Senado alertando sobre as “graves falências jurídicas” da lei.