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Marcha dos Sem Teto cerca prefeitura por moradia

Mais de três mil manifestantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), cercaram a sede da Prefeitura de São Paulo no final da manhã desta quarta-feira 26. O grupo saiu do Largo da Batata, na zona oeste da cidade, pelas avenidas Faria Lima, Rebouças e Consolação, provocando grande congestionamento por mais de três horas.

O movimento, que reivindica melhores condições de moradia, reuniu pessoas das principais áreas de ocupação da cidade: Dona Deda, Capadócia, Faixa de Gaza, Estaiadinha, Nova Palestina, Chico Mendas, João Cândido, Che Guevara e Novo Pinheirinho. O grupo de manifestantes foi acompanhado por equipes da Força Tática da PM e da Polícia Civil.

Segundo Guilherme Boulos, um dos coordenadores nacionais do MTST, o resultado da última reunião com a prefeitura, há uma semana, não foi satisfatório. O movimento pede ao prefeito Fernando Haddad a revogação do decreto municipal que destina a área da Nova Palestina ao interesse social, com a construção de um parque, para que se torne área de interesse da habitação. Segundo um dos coordenadores da ocupação Nova Palestina, Francisco Gomes Roldan, vivem atualmente na área 10 mil pessoas.

O movimento também pede que a prefeitura não entre com ações de despejo em áreas ocupadas. De acordo com Boulos, a reintegração de posse da ocupação Vila Silvia, na zona leste, estava prevista para ocorrer hoje (26), mas foi adiada após protestos realizados pelo movimento em frente ao prédio da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CHDU) ontem (25) e na segunda-feira (24). Outra reivindicação dos manifestantes é o avanço em projetos habitacionais nas áreas do Campo Limpo e Paraisópolis.

A Secretaria Municipal de Habitação informou que está em negociação com as lideranças da ocupação Nova Palestina, para atender à demanda por moradia de aproximadamente 8 mil famílias que acampam em barracas de lona desde o dia 29 de novembro. Paralelamente, a prefeitura está fazendo um estudo de viabilidade para a construção de moradia no terreno e somente após essa análise poderá ser feita a revogação do decreto que destina a área para construção de um parque.

No início da manhã outro grupo que também reivindica moradia, bloqueou a Via Anhanguera na altura do quilômetro (km) 17 por aproximadamente uma hora. Cerca de 100 pessoas, segundo estimativa da PM, chegaram à rodovia às 6h50, onde permaneceram até as 7h40, impedindo a passagem dos veículos que seguiam no sentido capital. O Movimento Luta Popular, que é ligado à Central Sindical Popular Conlutas (CSP-Conlutas), estima que 450 pessoas participaram do ato.

De acordo com Helena Silvestre, coordenadora do movimento, a manifestação foi uma forma de pressionar a prefeitura de Osasco a negociar com as 680 famílias que ocupam há sete meses um terreno próximo à Anhanguera. “Sabemos que a ocupação Esperança está em uma área particular e queremos que ela seja desapropriada, mas estamos abertos a dialogar sobre outras áreas que podem ser utilizadas para construir moradia”, declarou. Durante o ato, foram queimados pneus na rodovia para evitar a passagem dos carros.

A prefeitura de Osasco informou que a Justiça já concedeu reintegração de posse aos proprietários do terreno e que, somente após esse fato, representantes da ocupação procuraram o município. Eles foram informados que a área não é indicada para uso habitacional de interesse social pelas características topográficas, ambientais e de infraestrutura. A prefeitura avalia ainda que a forma como o movimento atua, ocupando terrenos, infringe os critérios de definição de demanda habitacional em Osasco. Não há, portanto, cadastro para qualificar essa demanda para enquadramento nos programas de moradia do município.

Redação com Fernanda Cruz, ABr

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